Não sei bem ao certo quando chegaram até a mim, lembro vagamente do primeiro livro que, de fato, me caiu em mãos, era "Os Pequenos Jangadeiros" da Série Vaga-Lume. Eu devia ter uns 7 ou 8 anos, creio, e esse foi o ponta-pé inicial. Depois veio "O Caso Da Borboleta Atíria"... que universo! Um mundo pra se imaginar, um mundo de insetos, que coisa doida.
"Spharion" me deu medo pois era o sobrenatural o paranormal, o desconhecido. "Escaravelho Do Diabo", "Um Cadáver Ouve o Rádio", "A Ilha Perdida" (recordação recuperada pela Belzinha Molinari, valeu Bel! rsrs), "O Menino De Asas" que foi especial, "Tonico", "Tonico e Carniça" (na época até quis ser engraxate, como o Tonico, mas isso nunca consegui fazer... até hoje não sei porque), enfim... Têm vários da série que já não me recordo, o último foi "Cem Noites Tapuias".
Outros autores surgiram e entre eles um que virou febre e devorei toda a obra: José Mauro De Vasconcelos. O primeiro foi "Meu Pé De Laranja Lima", chorei muito no final... outros dois dele também me fizeram chorar: "Rosinha Minha Canoa" e "Rua Descalça". "As Confissões De Frei Abóbora" me chocou, pela primeira vez na vida eu lia o seguinte diálogo:
- Deus! Você é um grandessíssimo dum filho da PUTA!
Eu que vinha de uma família totalmente cristã e na época freqüentava igreja e tudo, imaginem o choque... Sentia-me mal de ler aquilo, mas tornava a ler repetidamente. Talvez eu também achasse e não admitisse, ou pode ter sido só pelo gosto de pecado que aquilo tinha pra mim, na real não sei dizer.
Mark Twin, Conan Doyle e os mistérios de Sherlock Holmes (que virou meu herói na ocasião). Hemmingway eu conheci quando assisti "Cidade Dos Anjos"... “Jardim Do Éden”... Dele ainda tenho imagens na cabeça, lembro que "Dom Quixote" não me agradou na época e até hoje ainda não reli. Gostei muito de "David Cooperfield" e "As Aventuras do Sr. Pickwick" ambos de Charles Dickens. Em 1994 lembro de ter lido "Feliz Ano Velho", do Marcelo Rubens Paiva, eu estava na 7ª série e tinha uma vergonha danada de usar um tênis Bamba (era o único que eu tinha) até ler o livro, pois o protagonista usava um e adorava, além do mais, também era azul, igual ao meu.
Na seqüência li "Black-Out", fiquei impressionado, mexeu comigo. Mal sabia que era só um início de um início. Ainda viria muita coisa que de fato me reviraria do avesso... Isso não tardou... Uma capa interessante, um cara que até então jamais tinha ouvido falar... Vou ler! Não tinha ninguém lá pra me dizer: Cuidado! Isso pode ser perigoso. "A náusea", Jean Paul Sartre e eu com 15 anos. Iniciei a ingênua leitura, um conforto a princípio (ou seria desconforto?) por saber que aquilo tudo que eu estava sentindo não era exclusivo, eu não estava sozinho nessa, também outros já sentiram e/ou sentem o mesmo. Albert Camus com "O Estrangeiro", outra porrada. Viciei. Mais Sartre, agora era "O Muro", depois "A idade Da Razão", até hoje não consegui terminar "As Palavras", talvez por me sentir próximo demais do protagonista, isso às vezes fere, o espelho nos fere vez ou outra.
Dei um tempo com tanta reviravolta interna e me reconfortei com Dalton Trevisan, "Dinorá" e outros tantos. Foi através dele, e não me perguntem como ou o porquê, que cheguei até os Beats... paixão instantânea... Buckowiski, Jack Kerouac e Fante.
Eu era uma enciclopédiazinha ambulante, rsrsrs, o bom disso tudo é que foi bem na época que trabalhei como operador de som numa rádio, e a programação era toda gravada, isso me dava tempo pra ler. Bons tempos...
Uma coisa que demorei pra ler e depois de lido me perguntei o porque de ter esperado tanto foi "Dom Casmurro". Depois vieram os livros da facul, aí você só tem tempo pra eles e nada mais, tive que acalmar meu vício e as leituras foram diminuindo, porém, graças a sabe-se lá o que, estiveram sempre presentes.
Bom... todo esse palavrório sobre tais livros é só uma introdução para a mais nova seção do Sacundinbenblog. SacundinbEnBooks, sessão literária do blog, onde, na medida do possível, postarei esses tantos livros que me transformaram , me ensinaram, foram meus companheiros por alguns dias, ou ainda o são, que serviram de mãe, pai, amigo, conselheiro, cúmplice e que fizeram eu ser o que fui, sou e o que serei. Sejam mais uma vez bem vindos ao meu mundo, só que agora é o mundo e a vez das palavras...
Marcel Cruz.
5 comentários:
salvo um ou outro,os tais autores citados,tambem fizeram ou pressinto que farão minha cabeça ...não sou assíduo leitor na frente do monitor (rimou rs),mais salvo à títulos que ainda não ostentei a leitura farei com prazer o download e adentraremos a este nobre prazer.
agradecido
cara você vai postar mesmo o muro de sartre ?
Pretendo, mas esse ainda não encontrei. No que achar com certeza vem pra cá, esse é dos violentos rsrsrs. Um que eu já tenho e que lembra bastante "O Muro" é "O Estrangeiro" do Albert Camus, logo logo vai pintar por aqui (também rimou rsrsrs).
Abração se cuida até...
Marcel Cruz
caraca cara achei teu blog muito, muito bom mesmo. Baixei os discos do cartola e do nelson cavaquinho que, na minha humilde opinião, foram mestres da nossa música.
aí, vasculhando por aqui por acolá, achei a seção dos e-books, e aí veio a minha surpresa, já lí muitos destes livros que vc citou(essa série vagalume era ótima), mas o Rosinha minha canoa, foi simplesmente marcante adoraria lê-lo outra vez, vc tem ele por aí em e-book?
Que delicia esse blog! Muito mais interessante do que eu poderia imaginar... Excelente! Passei bom tempo navegando por aqui =)
Beijos
Me lembrei dos livros da série vaga-lume,que coisa.
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