quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sociedade da Grã-Ordem Kavernista - Apresenta Sessão das 10

Já que mencionei esse álbum na postagem anterior não posso deixá-lo de fora dessa. A Sociedade da Grã-Ordem Kavernista foi uma reunião de candidatos a malditos que resultou num disco pra lá de tropicalista. Os Beatles, Frank Zappa e a Tropicália fundiram a cuca desse quarteto formado por Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada.

A empreitada/projeto foi encabeçada por Raulzito, que na época era o produtor da CBS. É um dos álbuns mais geniais da discografia de Raul, como sabemos, o único que manteve carreira de sucesso contínuo. Apesar dos créditos serem voltados para Raulzito o trabalho foi concebido em conjunto, com participação ativa de todos. Quase todas as composições são assinadas por Raul e Sérgio Sampaio, das 12 faixas apenas uma não leva a assinatura deles, "Soul Tabaroá" é da dupla Antonio Carlos e Jocafi.

O resultado não agradou muito a gravadora, que ignorou o álbum e nem sequer trabalhou a divulgação, ou seja, um álbum lançado por uma grande gravadora com tratamento de gravadora independente, o disco ficou jogado as traças vendeu pouquíssimo e hoje em dia a 1ª edição é coisa raríssima. Sei que existe uma 2ª edição em vinil mas que não manteve a contra capa original. Em 1995 foi reeditado em CD pela Rock Company e parece-me que em 2000 saiu pela Sony, mas mesmo assim em nenhuma dessas edições é fácil encontrar.

As canções são excelentes, e maioria delas são precedidas por vinhetas que dão todo um ar de irreverência para o disco. Tem roquenrol, baião, seresta, choro, samba de roda, sambão, soul, funk, iê iê iê e encontramos até uma onda meio caribenha em uma delas.

Álbum inegavelmente tropicalista, musicalmente tem todos os elementos, quanto a galera que fez a parada acontecer... infelizmente a ficha técnica se resume ao nome do quarteto e dos produtores, não sabemos quem são os músicos acompanhantes ou de quem são os arranjos. Aliás, essa é uma crítica que faço em relação aos lançamentos da CBS dessa época e de outras mais, total desdém com as fichas técnicas de seus lançamentos. Mas enfim, esse disco é foooooooooooda!!! Meu destaque vai para as incríveis "Eu Vou Botar Pra Ferver", "Quero Ir" e "Dr.Paxeco". Fui!


"...Formado, reformado, engomado um sorriso fabricado pela escola da ilusão..."




Para Baixar e Sair Sacundindo: Sociedade da Grã-Ordem Kavernista - 1971 - Sessão das 10


Para Saber Mais: Entrevista com Edy Star (box da página 4 fala sobre a "Sociedade" e seus integrantes)


Para Assistir e Sacundir: Êta Vida - Eu Vou Botar Pra Ferver - Dr. Paxeco - Quero Ir


Postado Por Marcel Cruz

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sérgio Sampaio - Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua

Na época que trabalhei em Rádio esse álbum caiu em minhas mãos e não dei muita importância, na verdade nem sequer me dei ao trabalho de ouví-lo na íntegra. Lembro que a gente programava três faixas dele para tocar das quais uma delas não me agradava muito, por isso não me empolguei em desbravá-lo, até porque essa capa me assustava um pouco, rsrsrs, parodiando Paulo Francis foi o tal do "...Não ouvi, não gostei!...". Que belo panaca eu, depois de muito tempo parei para ouvi-lo e que surpresa... Gostei demais do álbum!

Sim, o álbum tem uma veia brega, isso é inegável, achei bacana. Posso estar viajando, mas tem uma canção dele ("Eu Sou Aquele Que Disse") que me reporta ao "Perfect Day" de Lou Reed, faixa do genial "Transformer", quem conhece talvez faça a mesma relação, ou não, rsrs.

Reza a lenda que o álbum foi produzido por Raul Seixas, não posso afirmar pois não tenho a ficha técnica em mãos, mas de qualquer forma eles tinham laços de amizade bastante estreitos, tanto que a estréia de Sérgio em disco se dá no excelente "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10", álbum maldito inclusive pela própria gravadora, rsrsrs. Outra curiosidade que andei descobrindo é que ambos os discos, o do Sérgio e o da Grã-Ordem, tiveram pouquíssimas cópias vendidas, o de Sérgio não chegou a 5 mil cópias e foi considerado como fracasso comercial. Em compensação a crítica foi bastante calorosa, tanto que em outubro de 1973 Sérgio foi agraciado com o troféu imprensa da Tv Globo na categoria de "Artista Revelação".

O disco aqui focado é composto originalmente por 12 faixas, as quais acrescentei 6 bônus, todas de compactos lançados em 71 / 72 e 74 respectivamente. Ouvindo e re-ouvindo eu, sinceramente, tô gostando bastante desse álbum, tô até estranhando, rsrs. Eu ia destacar algumas, mas é mais fácil falar das que não gostei e como são só umas 4 vou deixar quieto.

Com relação aos compactos que acrescentei, num deles temos a versão original (1971) de "Côco Verde", arranjada por Ian Guest e que foi gravada por Dóris Monteiro em 1972 no álbum postado aqui, e uma outra canção bem curiosa feita em homenagem a Roberto Carlos chamada "Meu Pobre Blues", excelentes!!! É isso aí...

"...Eu me ligo é numa rede e num pé de côco verde, eu me amarro é na Tereza minha amiga irmã..."



Para Baixar e Sair Sacundindo: Sérgio Sampaio - 1973 - Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua


Para Saber Mais: Site Tributo - Biografia


Para Assistir e Sacundir: Sergio Sampaio Phono 73 Eu quero é bora meu bloco na rua - Cala a Boca Zebedeu - Entrevista com Sergio Sampaio (siga as partes) - Documentário (siga es partes)


Postado Por Marcel Cruz

terça-feira, 11 de agosto de 2009

2 anos de Sacundin!!!

Hoje faz exatamente dois anos que comecei com o Sacundinbenblog e confesso que não acredito que a coisa ainda esteja rolando. Apesar das pausas e tudo o mais estamos aí firmes e fortes.

Nesse segundo ano fiz o possível pra manter a coisa acontecendo, mais uma vez quero agradecer a todos que acompanham o Sacundin, a todos que de certa forma me impulsionam a manter a chama acesa, meus sinceros agradecimentos pelos toques, trocas, críticas, elogios e tudo o mais que você leitor proporciona a mim nesse espaço.

Espero tê-los ao lado sempre e que nossa parceria seja eterna enquanto dure. Agradecimentos especiais a Magda Joele por estar junto a mim nessa, pois sem ela a estética do Sacundin seria um tantinho diferente. É isso aí e como eu sempre digo:

"Vamo que vamo que o som não pode parar!!!"

Muitíssimo obrigado a todos...

"Sacundinbenblog: Um Blog Pra Quem Tem Sacundin!!!"


Marcel Cruz

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Luiz Melodia - Pérola Negra


Malditos e mais malditos...
Você deve estar se perguntando: Mas... porquê malditos? O que fez ou faz um artista para ser considerado ou até mesmo jogado na (v)ala dos malditos? Quais seriam os critérios? E porque mesmo com essa alcunha esses artistas são cultuados? Por uma minoria é claro, mas são. Será que é apenas mais um rótulo para identificar um "novo produto"? Marketing? Ou de fato existe fundamentação plausível para isso.
Meus caros, essas perguntas também povoaram minha cabeça. Ainda mais quando soube que Luiz Melodia fazia parte do clã, porém, dentre os malditos creio deva ser o mais bendito deles. Mas vamos lá, pesquisando descobri que a alcunha "Malditos" foi criada no início dos anos 1970 (72/73) e era usada nos seguintes casos:
1º) Para artistas que se destacaram por fazerem um trabalho anti-comercial. (Melodia a meu ver não se encaixaria nesse preceito);
2º) Para os trabalhos de todos aqueles que produziam músicas que não costumavam tocar em rádio, e eram conhecidos por uma faixa restrita do público (se fôssemos tranferir para os dias atuais, a maldição teria tomado conta geral, rsrs);
3º) Para artistas que um dia fizeram parte de uma estética de vanguarda;
4º) E por fim, para artistas que de forma independente conseguiram realizar suas gravações e ainda assim ter uma projeçãozinha efêmera, porém, suficiente para criar um grupo de doidos iguais a eles que os cultuariam "ad aeternum".
Os anônimos mais famosos, e que talvez você nunca tenha ouvido falar na vida, são: Jards Macalé, Jorge Mautner, Walter Franco, Sergio Sampaio, Edy Star, Luiz Melodia, Tom Zé, Torquato Neto, Wally Salomão, Paulo Leminsk (esses três últimos na poesia musicada) e Itamar Assumpção.
Dentre todos os nomes que constam na lista dos malditos Tom Zé e Luiz Melodia foram os únicos que conquistaram um projeção consideravel. Se eu tivesse escrevendo esse texto em 1990 Tom Zé não estaria sendo citado, a guinada surpreendente que ocorreu na carreira de Tom Zé só aconteceu por que o doido, sempre eles, do David Byrne ("cabeça" dos TalkingHeads) , no início da década de 1990 trombou com um disco de Tom Zé e chapou, no mesmo instante entrou em contato com o artista e em 1992 lançou uma coletânea chamada "The Hips of Tradition - The Return of Tom Zé" com circulação internacional pelo seu selo LuakaBop. Resumindo, foi sorte, é claro que a qualidade da obra pesou, mas o caso a parte é realmente: Luiz Melodia.
Maledicências ou "benledicências" a parte, como os demais, Luiz Melodia é um gênio! O Negro Gato estreou em disco no ano de 1973 com esse volume excelente que não poderia ter melhor nome: Pérola Negra. A faixa título havia sido gravada por Gal em 1971 e o sucesso da composição foi a carta branca para que Luiz Melodia gravasse seu disco de estréia na Philips, dona do melhor cast da época.
O álbum teve como diretor de produção o competentíssimo Guilherme Araújo e como arranjadores Perinho Albuquerque e Arthur Verocai. Teve participação do Regional de Canhoto de Dominguinhos e de Damião Experiência.
Dez faixas compõem o elepê, todas assinadas por Luiz Melodia. Das 10 pelo menos 5, ou seja, metade, se tornaram bem conhecidas, são elas: "Estácio, Eu e Você", "Vale Quanto Pesa", "Estácio, Holy Estácio", "Pérola Negra" e "Magrelinha". Para um disco de estréia é um bom percentual não? rsrs. Pois é, mas apesar disso seu segundo elepê só sairia 3 anos depois. Bom... isso já é história pra outra postagem, por hora ficamos por aqui. Apreciem sem moderação!!!
Ah! A arte gráfica é genial!!!! Assinada por Rubens Maia.

"...se intere da coisa sem haver engano, Baby te amo nem sei se te amo..."


Para Baixar e Sair Sacundindo: Luiz Melodia - 1973 - Pérola Negra


Para Saber Mais: Homepage Luiz Melodia - Homepage Luiz Melodia Uol


Para Assistir e Sacundir: Pérola Negra - Mal Secreto (Música de Jards Macalé e Wally Salomão)


Postado Por Marcel Cruz

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Torquato Neto - Um Poeta Desfolha a Bandeira...

Outro elo entre tropicalistas e malditos. Torquato Neto, o poeta maldito.

Torquato foi uma das figuras chave no desenvolvimento da poética tropicalista, fez parte do seleto grupo desde o início, é dele a genialíssima letra de "Geléia Geral" musicada por Gil e de "Mamãe Coragem" musicada por Caetano, ambas para o álbum do movimento, no ano de 1968 só com Caetano e Gil tiveram bem umas 7 composições, a produção foi intensa. O álbum aqui presente se trata de uma coletânea póstuma lançada em 1985 pelo Centro de Cultura Alternativa Rio/Arte em parceria com a Secretaria de Cultura do Piauí. O volume teve a magra tiragem de apenas 2000 cópias, das quais uma se encontra em minhas mãos, rsrs.

Originalmente doze composições integram o álbum, é claro que não poderia me ater a apenas 12 faixas, por isso o arquivo que vocês terão acesso contém 7 faixas bônus. As datas das gravações vão de 1966 a 1973, infelizmente, ou felizmente, rsrs, nenhuma na voz de Torquato pela óbvia razão de Torquato não ser cantor.

Os intérpretes formam um time de primeira grandeza, temos Elis Regina em "Veleiro", Edu Lobo & Maria Bethânea em "Pra Dizer Adeus" e "Lua Nova", Nara Leão em "Vento De Maio" e "Deus Vos Salve Essa Casa Santa", Jards Macalé em "Let's Play That", Gal Costa em "Zabelê", "Mamãe, Coragem", "Três Da Madrugada", "Coisa Mais Linda Que Existe", "Minha Senhora" e "Nenhuma Dor", com Caetano Veloso temos "Ai de mim Copacabana" e com Gilberto Gil: "Louvação", "A Rua", "Marginália II", "Geléia Geral", "Todo Dia é Dia D" e "Domingou".

Torquato foi jornalista e multi artista, além de poeta e escritor atuou como protagonista do filme "Nosferato no Brasil" do cineasta Ivan Cardoso e dirigiu o filme "Terror Da Vermelha", isso pouco antes de partir pra outra. Nos links abaixo vocês terão mais detalhes.

Ah! E voltando ao disco, fiz a substituição de duas faixas que estavam no volume original, troquei "Louvação" que estava na interpretação de Elis e Jair Rodrigues pela de Gilberto Gil e "Pra Dizer Adeus" também com Elis troquei pela versão com Edu Lobo e Bethânea. E fim de papo!... Ta legal...

"Mamãe mamãe não chore, a vida é assim mesmo eu fui embora..."



Para Baixar e Sair Sacundindo: Torquato Neto - 1985 - Um Poeta Desfolha a Bandeira...


Para Saber Mais: Torquato Home Page - Fotos de Nosferato no Brasil - Biografia


Para Assistir e Sacundir: Torquato e o Cinema - Terror Da Vermelha - Trinta anos Sem Torquato - Nenhuma Dor (Com Gal)


Postado Por Marcel Cruz