segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A Banda Mais Bonita Da Cidade - A Banda Mais Bonita Da Cidade


               Durante esse tempo que fiquei sem dar as caras por aqui muita coisa aconteceu no meio musical, mas muita coisa mesmo, eu de longe olhava, ouvia e pensava: 
            Poutz! eu tenho que falar disso no Sacundin!... Caramba isso daqui é muito bacana... enfim, inúmeras vezes me deparei com sons novos que poderiam não ser, temporalmente falando, novos de fato mas que pra mim naquele momento eram. O cenário da musica atual, apesar da grande mídia ir na direção oposta, tem me surpreendido bastante, tenho ouvido muita coisa bacana e discordo totalmente da premissa de que não se produz mais nada que preste. Creio que isso é válido para quem só assiste canais de TV e ouve as rádios dessas grandes corporações que sabemos bem quais são e como trabalham, a industria do entretenimento obsoleto está pouquíssimo interessada em formar uma platéia inteligente e que seja formadora de opinião, ou seja, a lei vigente nas mesmas se resume na máxima: "Quanto mais pasteurizado melhor!"
Dentre as coisas pra lá de legais que vi, ouvi e acabei acompanhando todo o processo de concepção embora mais no âmbito virtual está o álbum de estréia d'A Banda Mais Bonita Da Cidade...
A BMBDC, como a maioria dos que hoje a conhecem bem sabe, se tornou mundialmente conhecida a partir da postagem do videoclip de "Oração", que contagiou instantaneamente cada um que assistiu e fez com que esses espectadores quisessem compartilhar aquela magia/alegria toda que aqueles 6 minutos proporcionavam com todo mundo, (nesse momento o video já teve mais de 8 milhões e 800 mil vizualizações! É coisa hein! Gente que não acaba mais! rsrs).
Creio que como boa parte das pessoas que viram o clipe fiquei curioso para saber se a banda ia além daquilo, enquanto procurava fiquei me perguntando se o doce era de apenas 6 minutos ou se eles detinham a fábrica com outros sabores tão viciantes quanto... e meus caros...

Muito além de "Oração"...

Descobri que junto, ou melhor, um pouco antes do webhit eles tinham postado outros dois clipes que tinham sido gravados na mesma ocasião: "Canção Para Não Voltar", de Leo Fressato o mesmo compositor de Oração e "Boa Pessoa" de Thiago Chavez e Luis Felipe Leprevost, chapei, viciei e morri de arrependimento de não ter ido em nenhum dos shows que eles tinham feito na cidade. Confesso meus caros leitores que eu temia que eles tivessem somente essas 3 músicas e nada mais, porém depois de dar um tour pela rede catar um link aqui, um video ali, ler um pouco mais sobre meus amigos minhas suspeitas se confirmaram e meus temores se dissiparam, eles estavam preparados para o que viria pela frente, na real estavam prontos, só faltava uma vitrine e essa veio com muita oração, rsrs (desculpem o trocadilho infame, mas não resisti).
Bom até agora nenhuma novidade, certo? Mas e o disco? Será que vai condizer com o "Boom"?

Muito além do que parece...

O álbum "vazou" virtualmente um pouco antes do lançamento físico que foi feito aqui em Curitiba no Teatro Guaira e que tive a sorte de presenciar... O álbum é fooooooda! O show é foooooda!!!! E eles são tão foda quanto!!! Tudo compatível, impossível não sair em estado de graça após o show, mas chega de chorumelas e rasgação de seda e vamos ao que interessa... O álbum da BMBDC!
Com um total de 12 faixas o repertório congrega uma gama de compositores locais escolhidos a dedo, e diga-se de passagem, muito bem escolhidos! Alguns figuram mais de uma vez ao longo do volume outros apenas uma, mas tudo na medida que tinha de ser. A faixa de abertura é a divertida "Mercadoramama",  de Troy Rossilho, LF Leprevost, Otavio Camargo e Alexandre França em seguida temos "Aos Garotos De Aluguel" de Rodrigo Lemos, um dos integrantes da banda, em ambas reconheço ecos de Mutantes e afins. A terceira faixa é a singela "Boa Pessoa" de Leprevost e Thiago Chavez que participa da gravação. "A Balada da Bailarina Torta" é a primeira das três de Leo Fressato que aparece, a Banda criou um arranjo fantástico que nos leva pr'outro mundo, essa canção, talvez devido a parte da letra, me arremete a "Verdadeira História de Lily Braun" de Chico e Edu, música que faz parte do Grande Circo Místico. 
A música seguinte é "Oxigênio" de Dorival Torrente que pra mim é o arranjo mais tropicalista do álbum, um mix de Ennio Morricone, Jorge Mautner, 'Tango Do Covil' e  Mutantes,  com direito a vocais a la Gal Costa em seus tempos áureos. Não sei quais foram as referências deles mas eu encontrei isso tudo aí.  Prestem bem atenção na interpretação de Uyara, total “camaleoa”! Excelente!
Desse ponto em diante poderíamos considerar o lado B do álbum, as canções escolhidas são mais dramáticas e introspectivas. "Ótima" e "Solitária",  ambas escritas pelas mesmas mãos por Carlito Birolli, LF Leprevost, Matheus Lacerda e Troy Rossilho, seguem uma mesma linha que se complementam, outras duas de Leo Fressato e já bem conhecidas do público figuram nessa sequencia: a excelente "Canção Pra Não Voltar" e "Oração”, que praticamente some frente a grandiosidade das demais faixas. Mais três músicas complementam e concluem o álbum: "Nunca" de Vitor Paiva, quase uma cantiga de ninar, lindíssima e outras duas de LF Leprevost "Se Eu Corro", uma puuuuta declaração de amor que tem a participação do compositor no vocal e "Canção de Dar Tchau".
             Não me aprofundei detalhadamente faixa a faixa senão iria virar um jornal, mas prestem atenção ao esmero que eles tiveram em cada arranjo e na concepção de cada momento contido no álbum, coisa de gente grande...
Bom, é isso, voltei! Agora é com vocês e como eu sempre digo...

“Vamo que vamo que o som não pode parar!!!”





Para Assistir e Sacundir: Oração - Boa Pessoa - Canção Pra Não Voltar  


Para Saber Mais e Curtir: Pagina do Facebook


Postado Por Marcel Cruz

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pausa Devido a Correria

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"Bom dia, boa tarde, boa noite amor, amo ô or..." 
É com essa música do Jorge Ben que inicío tal postagem pois não sei que horas você meu querido leitor estará lendo isso. 

Bom, to aqui pra me desculpar da ausência e avisá-los que estou vivo, rsrs. Apenas numa correria lascada (correria boa, graças a deus!), não sei quando volto, espero que logo, por isso peço que me avisem sobre links quebrados e afins, essa manutenção é susse de fazer, o difícil ta sendo sentar para escrever. De mais a mais é isso, tomara que em breve eu esteja sacundindo por aqui novamente, no momento ta embassado.
Mais uma vez meu muitíssimo obrigado pelas visitas, espero que continuem aparecendo por aqui, dêem uma geral no blog, desbravem o que já está aí, comentem!!! O sacundin só está de licença premio, mas continua vivivinho, vivinho.

É isso aí, vamo que vamo  que o som da vida não pode parar!!! Abraços!!! Valeu!!!


Marcel Cruz
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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quatro anos de Sacundin!!!

É meus queridos, mais um aninho de Sacundin, apesar da minha displicência e minha falta de tempo estamos aí, firmes e fortes. Mais uma vez aproveito para agradecer o carinho de todos os frequentadores, que em alguns casos acabaram até tornando-se amigos. Obrigado pelas trocas, críticas, elogios, enfim obrigado por toda essa interatividade que o meio nos proporciona e fazemos bom uso dela.

É isso aí! Esse espaço é para vocês e vocês são a condição 'sine qua non' para que ele continue vivo.

Mais uma vez obrigado pela parceria e é como eu sempre digo...

"Vamo que vamo que o som não pode parar!!!"

Marcel Cruz


sábado, 16 de julho de 2011

Romulo Fróes - No Chão Sem o Chão

Foi através de um comentário de Facebook que cheguei até a música de Romulo Fróes, o comentárioindicação se referia ao mais recente lançamento de Romulo (Um Labirinto em Cada Pé) , procurei por ele e como a primeira coisa que apareceu foi o álbum anterior, resolvi começar pelo que tinha em mãos... "No Chão Sem O Chão". Que belo começo!!! Peguei de cara o supra sumo da obra "romuloneana" e na minha humilde opinião o melhor álbum de sua discografia. Depois baixei o mais recente, é muito bom mas não me atingiu tanto quanto este que aqui se encontra, haja vista que grudei nele e faz pelo menos uma semana que não escuto outra coisa.

Estou ficando cada vez mais chapado pelo som dessa galera "nova" que está pintando principalmente em Sampa e por aí. Romulo é um deles e está junto com Kiko Dinucci, Tulipa, Criolo, Juçara Marçal, Iara Rennó, entre outros, no momento ainda não temos um rótulo de movimento ou gênero, aliás, na verdade temos, foi lendo a matéria sobre o disco do Criolo que saiu na revista Bravo! que encontrei a alcunha ideal para essa galera: "Geração dos sem rótulos nem bandeiras", muito bom isso! rsrs.

Em "No chão Sem o Chão" Romulo se supera e vira um camaleão musical transitando por gêneros variados com uma maestria de se admirar, li em uma entrevista que esse foi um disco de transição e que ao longo de sua concepção rolou uma substituição natural do time de apoio, sambistas se afastando e "roqueiros" comprando a idéia e se aproximando, fora isso ainda temos nele outros agregados que dão um tempero ímpar ao volume. O resultado não poderia ser melhor.

Romulo já chega com a promessa (velada) de dar overdose no ouvinte, um disco duplo com cara de triplo, são ao todo 33 faixas, 118 minutos!!! Praticamente 2h sem tirar de dentro! Produção pra lá de intensa. E é claro que não posso deixar de citar o trabalho genial dos letristas parceiros: Clima e o artista plástico Nuno Ramos.

Essas faixas estão divididas em dois volumes que se complementam e foram denominados como: "1ª Sessão: Cala a Boca Já Morreu" e "2ª Sessão: Saiba Ficar Quieto".

O Power Trio base é de primeira, a começar pelas bateras muito bem executadas de Curumim, exatamente esse que você ta pensando, Guilherme Held comanda as guitarras que mostram claramente entre outras coisas uma forte influência 'Lannygordiniana' (além das guitas ele ataca de Bandolim em uma das faixas) e no baixo está mais um do clã "Sá": Fabio Sá. Os arranjos de metais ficaram a cargo de outra figuraça do meio musical paulista: Bocato! O rei do trombone e ex-integrante do Isca De Polícia banda de apoio de Itamar Assumpção.

Romulo foi extremamente feliz na escolha das participações, cada uma deixou sua marca e contribuiu para embelezar ainda mais o álbum. Ao longo do disco nos deparamos com 5 vozes femininas distintas, fora o coro que aparece em dois momentos dos volumes. São elas, por ordem de 'aparição': Mariana Aydar da o ar de sua graça em "De Adão Pra Eva", Anya aparece improvisando loucamente em "Ela Me Quer Bem", Nina Becker manda benzaço em duas faixas "O Que Todo Mundo Quer-Ninguém Liga" e "Astronauta", Lulina divide os vocais de "Se Eu For", deu conta do recado com os pés nas costas. Fechando o quinteto de mulheres temos a participação de Andreia Dias que, talvez pelo estilo da composição, me remeteu a Marília Baptista e Noel Rosa na gravação de "De Babado", entre outras referências da velha guarda, achei ducaráááleo!

Outras participações especialíssimas contidas no álbum são: ainda nos vocais o coro da "Velha Guarda Musical Da Nenê De Vila Matilde" em duas faixas: "Manda Chamar" e "Caveira", essa última também conta com a guitarra solo do papa Lanny Gordin, que da uma esmirilhada na menina, rsrs. Lanny participa de mais outra faixa "Ou Nada", que além de Lanny conta com o piano envenenado de André Mehmari que da um show a parte em "Sei lá".

Fora as musicas que citei dou destaque para "Deserto Vermelho": Bocato fez um arranjo de metais de primeira, "A Anti-Musa": que está entre minhas preferidas, tem um solo do Guilherme Held tão foda que antes de ver a ficha técnica achei que fosse do Lanny, fora isso letra e música geniais! e a valsa de onde foi tirada o nome do disco: "Pierrot Lunático", viciei muito nessa faixa. "Anjo" e "Só Você Faz Falta", também são fooooda! Caraca, são tantas boas que só ouvindo mesmo, ta bom de palavrório né não? Agora é com vocês!


"...Que idiota pateta... Pierrot Lunático... Foi pisar na valeta... Na sarjeta dos astros..."


PS* Agradecimentos especialíssimos ao Vitor Moraes que me passou a ficha técnica do álbum por telefone, valeu irmão!!! rsrs



Para Baixar e Sair Sacundindo: Romulo Fróes - 2009 - No Chão Sem o Chão


Para Saber Mais: MySpace - Bio - Entrevista




Postado Por Marcel Cruz

terça-feira, 5 de julho de 2011

Stella Viva - 4 Canções

Mais um santo de casa! Ou seriam santos emprestados para a casa?

Eles dizem que sua maior inspiração/referência/influência é o Clube Da Esquina, não sei se é porque eu ouvi muito pouco mas eu não consigo enxergar essa referência como principal, até porque eu de fato não sou fã de tal movimento, não me pegou - haja vista a ausência de posts referentes ao assunto no Sacundin, talvez eu ainda vá aprender a gostar - mas do Stella sou fãzaço. Vejo tanta coisa foda misturada aí e com tamanho bom gosto que me nego a concordar com esse dado, mas enfim, continuemos, rsrs.

O Stella é formado por 4 músicos: instrumentistas polivalentes e extremamente criativos. Sergio Monteiro Freire nas guitarras sintetizadores, saxes e vocais, Fernando Rischbieter nas guitarras, flautas e vocais, Rafael Costa no Baixo e vocais e Júlio Epifany na bateria. A banda surgiu em 'Curita' mas para variar não tem nenhum curitibano na mesma, Serginho é do Piauí, Júlio de Pernambuco, Fernando e Rafael são de Santa Catarina, ou seja, Curitiba foi apenas uma coincidência, ela se tornou um ponto de encontro de músicos geniais, que consequentemente acabam formando bandas também geniais.

O EP 4 canções é a estréia do Stella-Viva no mercado, foi lançado no finalzinho de 2008. De lá pra cá a banda alternou apresentações entre Curita, Sampa e Blumenau. Uma coisa a dizer: Azar de quem perdeu! Pois os shows são memoráveis, o último que vi foi no James (um pub aqui da terrinha) e foi ducaráááleo!

Esta previsto para o fim do ano - isso já é quase uma lenda, rsrs - o lançamento do primeiro álbum do Stella, tive a oportunidade de ouvir algumas prévias e já vou adiantando que está fuderosíssimo, quando sair falarei mais a respeito, por hora e pra já ir aquecendo os ouvidos vamos falar do EP.

Tudo o que se pode dizer em 4 canções está dito, arranjos elaboradíssimos e de puro bom gosto, tanto nas escolhas dos timbres, das formas e da sequência. As músicas contidas aqui a princípio fariam parte do álbum mas acabaram ganhando vida própria e se materializaram no referido EP.

As composições feitas pelo Stella pedem que o ouvinte pare para ouvi-las, são possessivas e exclusivistas, no bom sentido é claro, rsrsrs, não tente ouvi-las de prima fazendo outras coisas, é quase erudita, talvez seja de fato, informações mil que chegam a inchar o ouvido, explosões de sonoridades e riqueza de detalhes que na vigésima ouvida você ainda encontra novidades... tudo isso em apenas 4 canções...

Prestem atenção na batera e nas conversas das guitarras, são realmente de foder! É isso aí, vamo que vamo que o som não pode parar!!!

"Minha sorte minha velha irmã, quem nunca te disse o tempo voa..."


Para Baixar e Sair Sacundindo: Stella-Viva - 2008 - 4 Canções


Para Saber Mais: Trama Virtual Stella Viva


Para Assistir e Sacundir: Frevo - Aeromoça (uma prévia do que vem pela frente)


Postado Por Marcel Cruz

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Kiko Dinucci - Metámetá

Sabem aqueles discos que a principio você não espera muito, mas mesmo assim põe pra rodar porque foi uma indicação de um amigo de confiança?(de novo o Fernando Rischbieter - Fêrni - do Stella, sim o mesmo mencionado na postagem anterior). Você diz massa, vou ouvir, da uma passadinha nas faixas mas não ouve na hora. Aí numa tarde qualquer, ou cair da noite, você resolve parar pra ouvir...

Vai a primeira musica, você diz, puxa vida é bom, vem a segunda você pensa: puxa, é bom mesmo, terceira, caraca é muito bom!!! E por aí vai. Isso acaba de acontecer comigo e o álbum em questão é o "MetáMetá", do 'multiartistapaulista' Kiko Dinucci. Como era de se esperar de um trabalho como esse... To chapando paracarááááááááleo, rs.

O disco vai te ganhando a cada faixa, são 10, na décima você está amando loucamente e pronto para por para ouvir outra vez.

Dinucci não está sozinho nessa, pelo contrário, vem extremamente bem acompanhado. Os vocais, na maioria das faixas, ficaram a cargo de Juçara Marçal, dona de umas das mais belas vozes que já ouvi, os saxes e flautas ficaram a cargo de Thiago França. A elegância do som de Thiago é outro elemento que potencializa a unicidade estética do álbum.

Se prepare para viciar! Esse som ao entrar em seus ouvidos faz com que o cérebro libere uma substância cientificamente denominada de 'viciusmetá' e o organismo atingido sentirá a necessidade de ouvir mais e mais o "Metámetá". Ainda não tenho idéia de quanto tempo dura o vício ou como é a crise de abstinência, pois acabo de virar um "freakmetá", mas não estou sozinho, já tenho notícias de outros viciados. Essa audiodrug está a apenas um mês no mercado, um dos fatores que contribui ainda mais para sua disseminação é que ela é grátis, você pode consegui-la aqui mesmo - virei fornecedor, kkk - ou no 'sítio' do próprio criador.

Brincadeiras a parte, estamos diante de uma obra prima de primeira grandeza. A linha composicional de Kiko é desconcertante, ele tem uma 'finesse' incrível para compor, todas as faixas foram muito bem concebidas e trabalhadíssimas. Outra sacada genial foi a disposição das faixas no album, não poderia ter sequência melhor, pois ao término da penúltima música contida no volume Kiko, Jussara e Thiago, a santíssima trindade, inevitavelmente, conseguiram deixar seus ouvintes extasiados. O golpe fatal vem em forma de afrobeat, "Ora Iê Iê O" que retoma "Oranian" e "Oba Iná" 7ª e 8ª do disco. Ouvindo com mais atenção da para sacar bem o que seria um suposto lado A e um Lado B, a sequencia parece ter sido pensada para o formato de LP.

Influências mil todas muito bem utilizadas. "Samuel", por exemplo, uma das minhas preferidas me arremete a Baden, enxergo João Gilberto em "Obatalá", Fela Kuti diluído e assumido ao longo do álbum e por aí vai, são tantos em um só que realmente emociona.

Mas chega de devaneios! Tirem vocês suas próprias conclusões... Salve Kiko e obrigado por um som tão bom como este!


"...Abram caminhos para o Rei, sorriam ao invés de se curvar..."


PS* Quem segura as bateras do disco é o excelente Sergio Machado, que diga-se de passagem, honra o sobrenome que tem.



Para Baixar e Sair Sacundindo: Kiko Dinucci - 2011 - Metámetá


Para Assistir e Sacundir: Entrevista Metrópolis 2010 Parte 1 - Parte 2




Postado Por Marcel Cruz

terça-feira, 14 de junho de 2011

Copacabana Club - Tropical Splash

Esses dias conversando com o Fêrni do Stella-Viva, saiu o comentário de que santo de casa não faz milagres. A gente até riu da ironia e sarcasmo da sentença, mas, meus queridos, ultimamente nossos santos têm feito milagres a torto e direito.

Confesso que tenho sido bastante omisso com relação ao som que se tem produzido nessa minha cidade, e não por não gostar, mas pelo fato de que o blog em si não tem o caráter de divulgação e tal. Na verdade aqui só aparece o que de fato me bate batendo, sabem aquela sensação de espancamento que você sente quando põe um álbum pra rodar e tal, são os discos que me causam isso que figuram no repertório sacundíndico.

Mas não achem vocês que esses "milagres" estão acontecendo do dia pra noite, já tem um tempinho que vejo coisas geniais pipocando por aqui, eu é que fiquei acompanhando a distância sem muito falar, até então da terrinha só tinha aparecido o trabalho do Wandula e do Marcelo Torrone.

Porém, o disco de estréia (desconsiderando o EP) do "Copacabana Club", que acaba de ser lançado, me fez sair do meu "curitimusicomudismo". Ouvindo o "Tropical Splash" senti um puta orgulho de, além de ser amigo de um dos integrantes, ser da mesma cidade dos 'Copacabanas' (nossa, como coube tanto bairrismo numa mini frase dessa? rsrsrs).

O conjunto da obra está tão coeso e com uma consistência tão foda que você pode ouvi-lo inúmeras vezes sem se cansar, aliás, se for cansar talvez seja de dançar, porque você inevitavelmente dança ao ouví-lo. É um álbum que dispensa ficar procurando as referências desse ou daquele som, ele simplesmente pega e atinge o que tem que atingir de maneira espetacular! Recomendo que ouçam no último volume e deixem-se levar!!!

A arte gráfica é um caso a parte, a capa foi desenhada pelo multi-artista, também da terrinha, Rimon Guimarães, que além de artista plástico é cantor e comedor de frutas de um projeto muito bacana que tá despontando por aqui o: Trombone de Frutas.

Rimon fez uso de uma linguagem primitivista para conceber o traço de suas mulheres, além do traço, o bom gosto na escolha das cores potencializa ainda mais a beleza da tela. Essa tela a princípio não tinha sido feita para o projeto da capa, a idéia de usá-la veio depois e acabou combinando perfeitamente com todo o conjunto. Vale conferir o Flick do Rimon. É isso aí! Agora é baixar e cair no sacundin!

Ah! Aguardem que virão mais santos de casa com seus milagres sonoros... "E vamo que vamo que mesmo com geada o som não pode parar!!!"


Para Baixar e Sair Sacundindo: Copacabana Club - 2011 - Tropical Splash




Para Assistir e Sacundir: Just Do It


Postado Por Marcel Cruz

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fela Kuti And The Africa'70 - Open & Close

Fazia algum tempo que eu estava para fazer uma postagem sobre o Fela Kuti, acho que mais de dois anos, mas até então estava só na cabeça e nunca tinha tido o impulso de fazê-la de fato. Esse mês resolvi mergulhar na obra desse Nigeriano ímpar e me surpreendi com as várias descobertas a seu respeito, foram muitas informações que eu desconhecia, e que não poderiam ficar sem serem ao menos mencionadas.

Tarefa árdua a de falar da vida de Fela em apenas uma postagem, é bem possível que eu não dê conta mas...

Vamos lá:

Fela Ransome Kuti era o tipo de cara que poderia muito bem ser o "mauricinho" nigeriano, a familia era de uma linhagem da nobreza Nigeriana, ele tinha tudo, e em tese não precisava trabalhar ou ralar. Bom, felizmente isso não aconteceu. Fela, que foi enviado para estudar medicina em Londres, resolveu trocar o curso de medicina para o de música. Suas primeiras gravações datam de 1963 e sua banda de apoio era o Koola Lobitos.

Tanto a banda como o próprio Fela mudariam seus nomes. 1969 foi o ano divisor de águas, tanto na carreira artística como na visão política que Fela tinha até então. É gritante a mutação que ocorre na obra dele, vemos uma fortíssima influência do funk americano em seu álbum lançado naquele ano e intitulado "Fela Fela Fela". Junto com a overdose musical, Fela não só teve contato, como vivenciou alguns momentos do movimento black power que explodia nos EUA, a partir desses fatos o músico se transformou profundamente e voltou para Nigéria tornando-se um ativista político fervoroso.

Essa nova postura fez com que Fela colecionasse inimigos poderosos. Ao voltar, ele mudou o nome da banda para Nigéria 70, nome que foi efêmero (foi usado apenas na prensagem da primeira edição de um compacto), o nome definitivo que vigoraria até o início dos anos oitenta foi AFRICA 70.

Mas não foi apenas o nome que se alterou, o som também ganhou características peculiares, e, dessa maneira, nasceu o gênero "felakutiano" que foi batizado de Afrobeat.

Esse som começa a aparecer de maneira consistente a partir de 1970/71. Fato constatado no àlbum aqui presente. Um dos primeiros álbuns de uma discografia gigantesca, mais de 50 títulos, "Open & Close", pelo que pude constatar, foi um dos vários álbuns de Fela lançado naquele ano, encontrei ainda com essa data, entre outros, os títulos "Na Poi" e "Fela & Ginger Baker - Live".

Fela dizia que a música era sua arma e com ela denunciava muitas injustiças que presenciava. Delator dos poderosos, com sua música cutucava as feridas da desigualdade de todas as maneiras que podia. Ele queria ser presidente da Nigéria, chegou a se candidatar mas não foi eleito, e se intitulava como o "Black President". Essa postura teve seu preço, Fela sofreu represálias homéricas, numa delas, além de apanhar quase até a morte, teve a perda da mãe que morreu drásticamente pelas mãos de seus carrascos.

Um fato que me intriga bastante é o de que, levando em conta o objetivo de fazer de sua música uma arma e o formato que ele optou dar para suas gravações, temos um paradoxo curioso pois, Fela restringiu a sua obra apenas aos Nigerianos e não quis usar um formato popular que atingisse mais gente, procedimento que, apesar de posteriormente ter ganhado o mundo, poderia dar um poder ainda maior para sua empreitada. Deixem eu me explicar melhor:

Primeiro ponto: As músicas gravadas por Fela em sua esmagadora maioria possuem mais de 10 minutos de duração, isso significa que espaço em rádio é mais difícil de se conseguir, mesmo levando em conta que estamos nos anos 70, e não só isso, as letras de maneira geral só vão aparecer uns 3 ou 4 minutos depois de começada a música.

Segundo ponto: Fela, a partir do momento que gravava uma obra, não mais a tocava, ou seja, se você fosse a um show de Fela com a intenção e o desejo de ouvir ao vivo o que tinha ouvido no disco, você sairia frustrado, é claro que o show deveria ser genial e talvez você nem viesse a sentir falta, disso mas...

Terceiro ponto: As letras são uma mistura de dialetos africanos, apesar de que Fela criou um híbrido lingüístico entre esses dialetos e o inglês, alternando entre ambos. Mesmo assim acho que é restritivo. Paradoxal não?

De qualquer maneira Fela Kuti foi, embora não oficialmente, o rei negro da Nigéria, o Black President que deixou sua marca na história daquele país.

Tem tanta coisa interessante e curiosa pra se falar de Fela... e olha que eu nem mencionei seu harém que chegou a ter 27 mulheres...

Falando nisso e em tempo: a biografia de Fela acaba de ser traduzida para o português e ganha edição nacional, aos interessados esse é um excelente presente para se auto-presentear! rsrs

Está bom né? Me estendi demais, não sei nem se tiveram paciência de ler o post inteiro, mas se chegaram até aqui, valeu!!! rsrs.

Abraços e vamo que vamo que o som não pode parar!!!




Para Baixar e Sair Sacundindo: Fela Kuti And The Africa'70 - 1971 - Open & Close




Para Assistir e Sacundir: A Música é a Arma Parte 1 - Parte 2 - Parte 3 - Parte 4 - Parte 5 - Parte 6


Postado Por Marcel Cruz

terça-feira, 3 de maio de 2011

Morphine - 1993 - Cure For Pain

Sax barítono, bateria e baixo com apenas duas cordas tocadas com Slide. Uma formação bem inusitada para um power trio, já que no geral os "powers trios" tem a guitarra como centro das atenções.

Mas ser comum não era uma idéia que devia passar pelas cabeças de Mark Sandman, Dana Colley e Billy Conway.

O Morphine surgiu em 1989 e teve 10 anos de existência. Eu conheci no ano que acabou, quem me apresentou esse som foi o Larini (mais uma que devo a ele, rsrs) foi ouvir e viciar, me pegou de prima. Além do som ser muito bom e incomum o fim da banda como não poderia deixar de ser também foi inusitado. Rolou em Julho de 1999 no "Nel Nome Del Rock Festival" - que acontecia no Jardim Do Príncipe em Palestrina cidade italiana que fica próximo a Roma - durante o show Mark teve um ataque cardíaco em pleno palco, dizem que a princípio foi confundido com performance mas infelizmente não era. Com a morte de Mark a banda se desfez.

O legado deixado pela banda é composto por 11 álbuns de "Low Rock" (definição dada pelo próprio Mark): cinco de estúdio, um gravado ao vivo, um de B-Sides, duas coletâneas e dois póstumos com materiais inéditos. PS* o Quinto em estúdio também teve lançamento póstumo.

O que temos aqui é o segundo álbum deles, foi lançado em 1993 e é pra mim um dos melhores. Nele temos as clássicas "Buena, "In Spite Of Me", "Mary Won't You Call My Name?", "All Wrong" e "Cure For Pain", faixa que dá nome ao álbum. São 13 faixas no total, das quais duas são vinhetas instrumentais, 37 minutos e 48 segundos de uma música que em si diz tudo o que tinha que ser dito! Creio que irão gostar...

PS* Aproveitando o gancho, acabou de estrear nos EUA - agora nesse fim de semana 29.04.2011 - um documentário sobre Mark Sandman, e que leva justamente o título deste álbum. Vamos ver quando chegará nas nossas telinhas. O consolo é que se não chegar temos a rede a nosso favor, rsrsrs. Abaixo tem um link para o trailer.



Para Baixar e Sair Sacundindo: Morphine - 1993 - Cure For Pain





Postado Por Marcel Cruz

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sharon Jones & The Dap-Kings - 100 Days, 100 Nights

Sharon Jones, a diva redescoberta! É emocionante ouvir algo que vem da alma de fato. Ao se deparar com a biografia de Sharon, me pus a imaginar: como devem existir inúmeras "Sharons" ocultas, esquecidas ou perdidas por aí.

Prestes a completar 55 anos no dia 04 de Maio, Sharon já tem seu público cativo conquistado. O aparecimento de Sharon e sua excepcional banda, "The Dap-Kings", para o grande público deu-se nos idos de 2005, quando a então recém chegada no cenário internacional Amy Whinehouse ouviu o trabalho deles e requisitou o time para ser sua banda de apoio no álbum "Back To Black". Lançado em 2006 e aclamado pela crítica, essa parceria contribuiu para que o álbum ganhasse 4 dos 6 Grammys Awards em que foi indicado. Essa vitrina toda acabou sendo extremamente benéfica para Sharon & Os Dap-Kings, pois o agendamento de shows se multiplicaram.

De qualquer maneira Sharon Jones e sua trupe já estavam predestinados a conquistar o grande público. O primeiro álbum que lançaram foi em 2002, muito bem recebido pela crítica foi também o trabalho de inauguração do, hoje respeitabilíssimo, selo DAPTONE. Os trabalhos desse selo tem uma característica peculiar frente a toda essa tecnologia que vemos hoje em dia: usar os equipamentos e aplicar as técnicas de captação/gravação como nos estúdios de outrora, ou seja, totalmente "roots", essa é a sonoridade que imprimem em suas empreitadas, o encontro de Sharon com os Daps foi perfeito e aconteceu em boa hora. Eles tinham o estúdio e a banda, faltava a cantora! Bingo!!!

Sharon, nascida na mesma cidade de James Brown, começou a cantar na década de 70, participou como Backing Vocal em vários álbuns dos selos Motown e Stax, mas nunca teve a oportunidade de fazer um registro seu, nas palavras dela o que aconteceu foi o seguinte:

"Ninguem me aceitava na indústria da música. Diziam que eu era muito negra, que eu era muito gorda... Diziam que eu era muito nova, que eu não era bonita o suficiente. Aos 25 anos, me disseram que eu já estava velha demais... aí fui fazer outras coisas."

Diante disso só tenho uma coisa a dizer, azar foi o nosso que ficamos esse tempo todo privado de ouvir Sharon. Mas...

Antes tarde do que nunca, aí está: Sharon Jones & The Dap-Kings!!!

O que trago aqui é o terceiro álbum deles, foi lançado em 2007 é o mais aclamado pela crítica, os anteriores são tão bons quanto, mas esse tem uma pegada vintage muito foda, que abrange tudo o que se possa pensar relacionado ao mesmo. É como se voltássemos no tempo 40 anos e presenciássemos o lançamento de algum disco da Motown, Chess ou da Stax Records. Além da maneira com que foi gravado e da caracterização da banda, eles também tiveram o zelo de produzir o material em vídeo, com câmeras de TV da época que, segundo consta, foram compradas por 50 dólares no eBay, fino não?

Quem assinou a direção dos vídeos foi Adam Elias Buncher.

Com relação ao conteúdo: O disco conta com 10 faixas, todas no melhor estilo do R&B, Funk e Soul. A performance da banda é impecável, e a dela arrasadora. Sugiro que assistam os vídeos que estão no link abaixo pra terem uma idéia do que logo terão em suas máquinas, creio que após vê-los será praticamente impossível que não queiram ter o álbum inteirinho, rsrs. É isso aí!!! Vamo que vamo uhulll!!!


Para Baixar e Sair Sacundindo: Sharon Jones & The Dap-Kings - 2007 - 100 Days, 100 Nights


Para Saber Mais: MySpace - Homepage


Para Assistir e Sacundir: 100 Days, 100 Nights - Tell Me


Postado Por Marcel Cruz