terça-feira, 27 de julho de 2010

Trio Mocotó - Trio Mocotó

Já que por acaso acabamos retornando ao Samba-Rock vou aproveitar para preencher uma lacuna que tem no Sacundin. Estava faltando aqui um disco solo do Trio que é formado pelos, segundo Jorge Ben, criadores da batida do Samba-Rock.

Formado por Fritz Escovão (Voz e cuíca), João Parahiba (Bateria, Timba e voz) e Nereu (Pandeiro e Voz) o Trio Mocotó apareceu pela primeira vez para o grande público em 1969 acompanhando Jorge Ben no IV Festival Internacional Da Canção, aí foi paixão logo na primeira aparição! Ganharam o público de prima. Esse é o segundo álbum deles lançado em 1973, antes dele temos um compacto lançado pelo Jornal O Pasquim em 1970 e um Lp lançado pelo selo Forma (este ainda não consegui com o áudio em uma qualidade boa por isso pulei, assim que conseguir coloco aqui), fora isso tiveram participações em álbuns de Jorge Ben, Chico Buarque, Toquinho, Vinícius e Marilia Medalha.

Lançado pelo selo RGE em 1973 o álbum aqui presente é composto por 12 faixas. Diferente do primeiro em que só constavam releituras no repertório, este chega com 4 composições assinadas por integrantes do trio a começar por "Desapareça" tema suingadíssimo de Fritz Escovão que assina mas dois dos temas: "Não vá embora" e "Desculpe". O último tema 'original' é de Nereu: "Swinga Sambaby", essa foi regravada em 2001 no disco de retorno do Trio, retorno porque eles gravaram outro disco em 1975 e só foram gravar novamente 26 anos depois com a redescoberta do grupo.

Completam o volume composições de autores como Carlinhos Vergueiro (Nó na Garganta), Mutinho e Itiberê ("Vem Cá" e "Tô Por Fora Da Jogada"), Roberto e Erasmo Carlos (Samba da Preguiça) e entre outros não poderia faltar Jorge Ben (Palomaris). A faixa que fecha o álbum é um tema instrumental famoso de Burt Bacharach: "Raindrops Keep Falling on My Head" que na versão do Trio recebeu o nome de "Gotas De Chuva Na Minha Cuíca", Fritz faz a cuíquinha chorar nessa releitura genial do tema.

Além do Trio participam do álbum outros músicos. São eles: Amilson Godoy (Piano), Olmir Stockler (Guitarra), Itiberê Zwarg (Baixo), Ricardo Canto (Baixo) e Bira (Percussão). A empreitada contou ainda com 4 arranjadores: Rogério Duprat, Waldomiro Lemke, Sérgio Carvalho e João Carlos Pegoraro. É uma pena não ter a especificação de quem arranjou o que, mas tenho quase certeza de que o arranjo de "Nó Na Garganta" é de Duprat.

A capa foi desenhada por Albery, o mesmo que fez a capa do Jorge de 1969. Acho que é isso... então...

"Swinga sambaby swinga!!!!"

PS* Ah!!! Achei um especial que eles gravaram na TV Cultura em 1971, bem na época do lançamento do primeiro disco, ali já aparecem algumas músicas que foram gravadas nesse segundo álbum aqui, se tiverem com tempo vale muito a pena ver, os links estão na seqüência. Agora sim!...

"Swinga sambaby swinga!!!!" rsrs



Para Baixar e Sair sacundindo: Trio Mocotó - 1973 - Trio Mocotó


Para Saber Mais: Bio 1 - Bio 2 - Bio 3 - MySpace


Para Assistir e Sacundir: Especial TV Cultura 1971 - Parte 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - Final


Postado Por Marcel Cruz

terça-feira, 20 de julho de 2010

Daniel Salinas - Paz Amor e... Samba

Versatilidade! Analisando o conjunto da obra talvez seja essa a palavra que melhor traduza Daniel Salinas, sim, ele é realmente O CARA! Através do Sacundin consegui entrar em contato com pessoas próximas dele, que me forneceram informações interessantíssimas, e estou prestes a falar com o figurinha pessoalmente! Que honra a minha!

Salinas não é pseudônimo de Sergio Sá, Salinas é ele mesmo e sempre o foi, fosse o trabalho que fosse nunca usou o artifício do codinome, assinou tudo o que fez, e olha meus queridos que o homem fez coisas hein!

Coincidentemente hoje 20 de Julho ele está completando 75 anos! Dos quais praticamente 65 dedicados a música. Salinas é fruto de famíla de músicos, pai, mãe e irmãos que dominavam a arte musical, ou seja, não teria como Daniel escapar, e que bom que não escapou! Ao longo desses anos Daniel arranjou mais de mil obras musicais, não tenho esses dados exatos mas pelo pelo seu histórico discográfico a coisa deve estar por aí mesmo (ou pode ser bem mais).

O álbum que trago agora foi lançado em 1972 pela Copacabana, selo que tinha em seu casting artistas de primeira como Elizeth Cardoso e o também maestro Portinho, só para citar alguns. Aproveito para deixar aqui meus agradecimentos para o blog Toque Musical (foi dele que baixei e estou re-postando aqui para vocês).

Bom, ainda não tenho a ficha técnica do álbum, pretendo consegui-la na conversa que terei com o Maestro. De mais a mais o álbum é composto por 12 releituras de temas que se tornaram ou já eram clássicos na época. O álbum como um todo tem um caráter bem samba-rock, rítmo em voga naquele período.

A faixa de abertura é uma composição de Jorge Ben que havia sido gravada um ano antes pelos Originais do Samba: "Tenha Fé, Que Amanhã Um Lindo Dia Vai Nascer", o que segue é um rosário de clássicos que só ouvindo pra ter idéia. Outras que merecem destaque são: "A morte do Amor" de Antonio Carlos e Jocafi, o sambafoxé "Implorar" de Kid Pepe, Augusto e Gaspar e, a clássica: "A Saudade Mata a Gente", de João de Barro e Antonio Almeida que Salinas transformou num funk cheio de sacundin!

Ah! Prestem bem atenção em todas as introduções compostas por Salinas, uma mais genial que a outra. Então é isso, chega desse meu papinho e vambora ouvir essa pérola genialzinha!


"Fica aqui os parabéns do Sacundinbenblog para o incomparável Maestro Daniel Salinas! Vida longa e muita saúde maestro!!!" Abração!!! E obrigado por todo esse som!!!




Para Baixar e Sair Sacundindo: Daniel Salinas - 1972 - Paz, Amor e... Samba


Postado Por Marcel Cruz

PS* Queridos leitores espero atualizar esse texto em breve! Fiquem atentos (Abração, fui!) rs.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Téo Azevedo - Grito Selvagem

É isso aí! Estou de volta, e chegando com tudo! rsrs.

Dando continuidade aos garimpos musicais a procura de trabalhos do maestro Salinas, que foi foco da nossa postagem anterior, me deparei com essa obra genial.

"Grito Selvagem": álbum de estréia de Téo Azevedo, que conta com a assinatura do enigmático maestro em todos os arranjos e... rapeizes!... Que pancadaria! Samba-Rock de primeira!!! Aliás samba-rockafoxéfunkbaião tudo muito bem misturado, a parada é repleta de sacundin!

São 10 faixas, uma melhor que a outra e entre elas apenas uma releitura: "Mané João" de Roberto e Erasmo Carlos, que ficou bacaníssima, as 9 restantes são todas de Teo e seus parceiros. O lado curioso dessa história é que esse é um disco impar na carreira de Téo Azevedo, pois quem conhece apenas seus discos posteriores nem de longe diria que esse álbum foi feito por ele, pouco tem a ver com o que veio depois. Sinceramente lamento muito, a pegada que tem nesse disco é genial! Talvez isso deva-se ao fato de termos Salinas na empreitada. Salinas além de assinar os arranjos também participa como músico. Outra participação especial é a do Evandro e seu Regional. Na ficha técnica vemos alguns nomes que também figuram no álbum de Salinas.

Eu ia destacar uma ou outra faixa mas, além da preguiça (rsrs), seria injusto o disco é realmente muito foda, vale a pena de cabo a rabo. Então é isso, chega de enrolação! Salve Téo e salve Salinas!!!! Uhullll!!!!


"...Vá pentear macaco que eu não gosto de puxa-sa-a-co..."

Excelente! rsrsrs




Para Baixar e Sair Sacundindo: Téo Azevedo - 1974 - Grito Selvagem


Para Saber Mais: Biografia 1 - Biografia 2


Postado Por Marcel Cruz

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não abandonei o Sacundin não!

Queridos leitores desculpem minha ausência, logo logo estarei de volta. Abraços e vamo que vamo...

Marcel Cruz

domingo, 13 de junho de 2010

Daniel Salinas - Atlantis

Há algum tempo eu mencionei aqui uma coletânea de Soul e Funk lançada pela Charly Records e falei que através dela conheci vários artistas geniais. Falei de Marlena Shaw, Rotary Connection e Terry Callier. Mas dentro do repertório que o álbum me apresentou ficou faltando um som que realmente me pegou e que acabei deixando passar batido, agora venho me reparar de tal falha. Estou falando do genial Daniel Salinas.

Salinas foi um dos importantes arranjadores da turma da Jovem Guarda, e mesmo tendo assinado vários trabalhos, pouquíssimo se sabe a seu respeito. A conclusão a que cheguei com base nas pesquisas que fiz, foi a de que existe uma grande possibilidade de Daniel Salinas ser um codinome usado por Sergio Sá, que na época também usava o de "Paul Bryan", fato que justifica a presença de 5 musicas assinadas por Sá num álbum que possui 7 faixas.

Outro fato que me leva a crer nessa suposição é uma entrevista que Ronnie Von, que era o entrevistador na ocasião, da uma 'rasgada de seda' falando que Sergio era o arranjador mais disputado pela galera da Jovem Guarda. Se isso realmente procede, fazendo uma busca nas fichas técnicas de vários álbuns da Jovem Guarda, o nome que figura é o de Daniel Salinas, como Sergio Sá encontrei poucos e tudo já na década de 80.

Outro ponto que ajuda na suspeita é de que ambos são pianistas, arranjadores, regentes e inclusive assinam a autoria de algumas composições como parceiros. Porém, nessa minha procura me deparei com um outro álbum de Salinas lançado um ano antes deste aqui e que segue uma linha totalmente distinta. O álbum se chama "Paz, Amor e... Samba", muito bom por sinal, e mais, não lembro agora mas também encontrei um disco em que consta o nome de ambos como arranjadores, se são a mesma pessoa isso soa um tanto estranho, resumindo, tudo o que encontrei me mostra apenas possibilidades bastante suspeitas, nada que se possa afirmar com relação a identidade real de Daniel Salinas.

Bom, mas independente dessa incógnita, o que temos aqui é uma obra prima, um álbum lançado em 1973/74 composto por sete faixas das quais duas são re-leituras e as outras cinco são temas originais.

O lado A do álbum abre com "Like A Rainy Night" de Paul Bryan (Sergio Sá). Já nessa primeira faixa vemos a maestria com que Salinas pensa seus arranjos, tudo muito bem equilibrado e com uma alquimia timbrística perfeita. Fiquem atentos para os solos do Trompete, Flauta e do Piano Rhodes tocado por Sergio Sá, excelentes!!! A canção seguinte é "No Broken Heart", também de Paul Bryan, nessa figuram também na autoria os nomes D.Edwards e M.Davis, o tema é bem meloso mas depois da vigésima ouvida você começa a achá-lo bacana rsrs. Os dois temas seguintes são as 'cerejas do bolo', "Baião" de Sergio Sá e Daniel Salinas carrega o nordeste em si, mais uma vez Sergio Sá da uma esmirilhada com seu solo de Piano Rhodes que complementado com as cordas, os metais, a flauta e a percussão deixa qualquer ouvinte com vontade de ouvi-lá mais e mais.

Mas de todas as faixas contidas no álbum a quarta faixa do volume, e última faixa do Lado A do LP, é sem dúvida alguma a mais fooooda. Salinas e Sergio Sá, a exemplo de Eumir Deodato, também quiseram 'brincar' com a obra de Richard Strauss e compuseram um tema original tendo como base a introdução de 'Assim Falou Zaratustra'. O resultado ficou incrível e lembra muito trilha de filme policial, para reforçar a homenagem nomearam a composição como "Straussmania". Vale chamar a atenção para a batera de Norival, para o Baixo de Willy e para a guitarra de Aristeu, espetaculares!!!

O Lado B do Lp é meio breguinha, mas mesmo assim fenomenal! rsrs. A primeira faixa é uma releitura de "Bridge Over Troubled Water", do Norte-americano Paul Simon, os solos e improvisos de Sergio Sá e do guita Aristeu são excelentes! A faixa seguinte é mais uma composição de Paul Bryan: "A Song For A Helping Hand", Salinas optou por inserir no final dela um coro que canta parte da letra, ou seja, é a única faixa que tem vocal. Finalizando o volume e fechando o Lado B temos a faixa título "Atlantis", composição de Donovan, música que fez bastante sucesso no final da década de 60. Nela mais uma vez Aristeu, 'o homem da guitarra', rouba a cena e faz bonito encerrando assim um dos melhores álbuns brasileiros lançado no início da década de 70. É isso aí! Espero que gostem!

PS* Quando estava terminando esse texto encontrei outra informação a respeito de Daniel Salinas. Em 1976 e 1977 ele gravou dois álbuns como Alice Street Gang, uma parada totalmente disco. Aqui tem um video com uma das faixas : Alice Street Gang . Fiquei curioso para ouvir o resto, tem até o hino do Corinthians no repertório, rsrsrs. Fui!



Para Baixar e Sair Sacundindo: Daniel Salinas - 1973/74 - Atlantis




Para Assistir e Sacundir: Straussmania - Baião


Postado Por Marcel Cruz

sábado, 29 de maio de 2010

Rogério Duprat, Gilberto Gil e Capinam - Brasil Ano 2000

Antes de começar o texto sobre o álbum quero deixar aqui meus sinceros agradecimentos ao especialíssimo Chico Arruda que ao saber que eu estava a procura deste álbum entrou em contato e teve a bondade de me enviar uma cópia dessa obra que até então estava perdida no tempo. Valeu mesmo Chico, essa postagem dedico a você!

Agora vamos ao disco:

O elo perdido! A lacuna que existia na discografia tropicalista acaba de ser preenchida!!! "Brasil Ano 2000", é a trilha do filme homônimo lançado em 1969. Os responsáveis pela trilha fazem parte da cúpula tropicalista. Gil, Capinam, Duprat e Caetano Veloso assinam as composições contidas no filme.

20 faixas das quais três são de Gil e Capinam, uma de Caetano Veloso e as 16 restantes levam a assinatura de Duprat. O tempo total do LP dura cerca de 32 minutos e carrega momentos memoráveis. De começo temos Gal Costa interpretando a excelente "Canção Da Moça", de Gil e Capinam, na ficha técnica não diz quem é o violonista que a acompanha, mas tenho quase certeza de que é o proprio Gil que o faz. Seguindo temos duas vinhetas de Duprat e outra canção de Gil e Capinam "Homen de Neandertal", interpretada por Gal e Bruno Ferreira. Mais uma vinheta e caimos no tema chamado "Retreta", tema que caberia em qualquer filme de Fellini sem destoar em nada, Duprat compôs um dobrado que deixaria Nino Rota morrendo de inveja (ah! Se Fellini tivesse ouvido isso! rsrs). Na sequência temos mais 5 vinhetas de tamanhos variáveis e que entre as quais Duprat desfolha citações de Felix Mendelssohn e de G. Rossini e são com elas que finaliza o Lado A do LP.

O Lado B abre com "Show de Me Esqueci", uma espécie de síntese do filme interpretada por Gal , Ênio Golçalves e Bruno Ferreira, nela estão praticamente quase todas as melodias que permeam o filme. O que segue é a composição "Coração", aqui Duprat re-utilizou a base do arranjo orquestral de "Coração Materno" gravado um ano antes para o LP "Tropicália ou Panis Et Circenses" e substituiu o vocal de Caetano Veloso por um solo de clarinete fazendo outra melodia, creio, sem dúvida alguma, que Duprat fez uso dos tapes de "Coração Materno" para o seu 'novo' "Coração" como uma espécie de play back, é curioso ouví-las uma seguida da outra.

Mais quatro vinhetas seguem na continuidade do álbum, duas merecem ser comentadas: "Duelo De Garfo e Faca", me arremete aos experimentos de Walter Smetak com suas propositais desafinações e diálogo entre os instrumentos e "Relógio Do Tempo", que devido a instrumentação escolhida é o tema mais singelo do álbum, impossível não gostar. Mais duas e concluímos o repertório do disco: "Escolha Da Liberdade", novamente Duprat revisita os temas que aparecem no filme e cria nova melodia que vai servir de ponte para o último tema do álbum. "Não Identificado", composição de Caetano Veloso que foi escolhida como canção adicional e que encaixou perfeitamente, não poderia ter sido melhor a escolha. Mais uma vez Gal deixa seu recado concluindo o volume de maneira magistral.

"...Vou andando, vou sonhando, vou sorrindo, seu sorriso sonho antigo em minha dor..."






Para Saber Mais: O Filme


Postado Por Marcel Cruz

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Edu Lobo - A Música De Edu Lobo Por Edu Lobo

O ano era 1965, não era exatamente uma estréia em disco, porém, foi como se fosse. "A Música de Edu Lobo Por Edu Lobo" é o primeiro álbum de Edu mas sua estréia em disco se deu de fato em 1963 com um EP(Compacto Duplo) que continha 4 composições bem na onda intimista "O amor, o sorriso e a flor" que a Bossa Nova trazia (achei estranho esse registro ser desconsiderado na discografia apresentada pelo site oficial de Edu Lobo). Fazendo um comparativo entre primeiro EP e primeiro LP vemos uma evolução surpreendente nos dois anos que separam ambos. Aqui temos um Edu bem mais maduro e com tendências evolutivas desenfreadas.

A banda de apoio que Edu chamou para o acompanhar foi o Tamba Trio que era encabeçado pelo genial Luis Eça ao piano, vocal e que foi responsável pelos arranjos do álbum, tinha ainda Bebeto Castilho que cantou, tocou baixo e flauta transversal e Rubens O'Hana que também cantou e tocou bateria. A alquimia perfeita que rolou entre Edu e o Tamba Trio ficou notadamente refletida no resultado final.

No volume temos 12 composições de Edu em parceria com Ruy Guerra, Vinícius de Moraes, Lula Freire e Oduvaldo Vianna Filho. Fazem parte desse repertório inicial de Edu as clássicas: "Borandá", "Chegança", "Arrastão" e "Reza". Meu destaque vai para a excelente "Resolução", composição de Edu que figura entre minhas preferidas dentro da obra 'Lobística', outra genial é "Zambi", música estopim para Edu começar a compor com Gianfrancesco Guarnieri a trilha para a peça "Arena Canta Zumbi" que estreou em maio de 1965.

Eu citei essas mas na real todo o álbum é de extremo bom gosto e da pra ouvir 'de cabo a rabo' sem se cansar, então é isso! Vam'borandá...


"... É vou contar o que há, é tempo de dizer quem sou / Se já cansei de lutar agora quero descansar / Tanto eu esperei para vencer e agora vejo que perder nada mais é do que cansar..."





Para Assistir e Sacundir: Borandá - Reza


Postado Por Marcel Cruz

terça-feira, 11 de maio de 2010

Edu Lobo - Sergio Mendes Presents Lobo

É incrível o que Edu Lobo conseguiu realizar em 1970, dois álbuns com várias canções em comum mas que são totalmente distintos entre si. Tudo bem que não foram realizados pelos mesmos produtores, fato a que se deve parte da façanha, mas de qualquer maneira creio que foi a palavra final de Edu que vigorou, e há de se concordar comigo... Quanto bom gosto!!!

Esse foi um álbum pensado para o mercado internacional e é aí que visualizamos o diferencial impresso por Sergio Mendes que assinou a produção da empreitada, tarefa que deve ter sido extremamente prazerosa e, pelo que constatamos nas palavras de Sergio impressa na contra-capa do álbum, gratificante, motivo de orgulho! E não era pra menos, Edu era da linhagem direta precedente de Tom Jobim, Baden Powell e afins. Aliás, uma coisa que não sei se esta seria a postagem ideal de se comentar, mas que mesmo assim o farei: a meu ver Edu Lobo é junto com Moacir Santos e Baden precursor e também criador dos Afro-Sambas um gênero que ficou diluído no movimento Bossa Nova mas que é bem distinto e genialíssimo, esse é um fato que não vejo ninguém comentar. Mas voltando...

Esse álbum como o postado anteriormente foi gravado em Los Angeles CA em 1970, esse especificamente em Julho daquele ano. Com produção de Sergio Mendes o álbum também contou com instrumentistas do mais alto calibre. Lá estavam novamente o trio Hermeto Pascoal - Piano, Piano Eletrico - Flauta, Airto Moreira - Percussão e Cláudio Slon - Bateria, músicos que gravaram o "Cantiga De Longe", e mais Oscar Castro Neves junto com Edu nos violões/guitarras, Sergio Mendes assumiu junto com Hermeto o Piano e além disso tudo ainda temos um quarteto de cordas, um fagotista (Norman Herzberg) e o vocal de Gracinha Leporace em algumas das faixas. Quer mais? Bom, Edu, Sergio e Hermeto assinam os arranjos, nos três nomes temos a tag de "co-arranger".

O volume é composto por 9 faixas, quase todas escolhidas a dedo, dando um breve panorama da produção de Edu entre 1966 e 1970. Sete delas de autoria de Edu e seus parceiros, uma de Hermeto e a última, totalmente desnecessária a meu ver, é uma releitura de Lennon e McCartney.

A abertura do álbum ficou por conta de "Zanzibar", com um arranjo menos cru que o original, aqui Edu é acompanhado por Gracinha Leporace nos vocais, na mesma linha Edu segue com "Ponteio", música de Edu e Capinam que até então só havia sido lançada em compacto e no álbum do III Festival Da Record, a versão que temos aqui também tem a participação de Gracinha Leporace nos vocais. Fica bem evidente o direcionamento que deram para a concepção dos arranjos se fizermos a comparação com as versões originais, moldaram tudo de maneira magistral para atingir outro mercado. Seguindo temos ainda no Lado A: "Even Now", versão em inglês feita por Paula Stone para "Cantiga De Longe" e "Crystal Illusions" versão em inglês de Lani Hall para "Memórias de Marta Saré".

O Lado B inicia com uma versão excelente de "Casa Forte" seguida de outra parceria de Edu e Capinam lançada originalmente em 1967: "Jangada". Na sequência temos uma composição de Hermeto Pascoal chamada "Sharp Tongue" e mais uma versão em inglês de outra composição que se tornou clássica de Edu e Torquato Neto: "To Say Goodbye", a nossa "Pra Dizer Adeus", a adaptação para o inglês foi obra de Lani Hall. Pra mim o álbum deveria ter acabado aqui, mas não acaba.

Não sei se foi pra encher linguiça, ou por estratégia mercadológica, ou pressão da gravadora, ou sei lá o que, enfim, a última faixa do álbum é uma versão de "Hey Jude", eu particularmente acho essa música uma grande porcaria, rsrs, não sei se é por causa do Roupa Nova ou porque não gosto mesmo, apesar que o arranjo ficou legal, mas puta que o pariu! Tanta música legal dos Beatles pra fazer versão e eles escolhem logo essa! Pior que isso só Ob-la-di Ob-la-dá, rsrsrsrs. Mas tudo bem o resto é realmente genial!!!!

Espero que gostem!!!


"...Ob-la-di Ob-la-dá..." Ooops! "...Era um era dois era cem, Era o mundo chegando e ninguém..."



Para Baixar e Sair Sacundindo: Edu Lobo - 1970 - Sergio Mendes Presents Lobo


Para Saber Mais: Álbum Release


Para Assistir e Sacundir: III Festival da Record - Ponteio


Postado Por Marcel Cruz

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Edu Lobo - Cantiga De Longe


É claro que eu conhecia a obra de Edu Lobo, afinal de contas o cara é um ícone da música brasileira, quando adolescente comprei alguns de seus primeiros álbuns em vinil, mas na época foi apenas mais um nome na minha discoteca. Lembro que quando trabalhei na Rádio Educativa uma das vinhetas de abertura do programa da tarde tinha "Zanzibar" como música de fundo e "Ponteio" também era vinheta de abertura de um programa homônimo.
Bom, várias outras canções de Edu me rodeavam com frequência e eu nem "tchum". Lembro que a primeira música de Edu que me chamou bastante atenção foi "Resolução", canção que faz parte de seu segundo álbum "A Música De Edu Lobo Por Edu Lobo" de 1965, inclusive foi ela que me impulsionou a comprá-lo.
Algum tempo depois parei para ouvir Edu com calma e fiquei extremamente feliz com minha redescoberta. Três álbuns de Edu me deixaram realmente chapado e com aquela sensação de estar fora de órbita: "A Música De Edu Lobo Por Edu Lobo", "Sergio Mendes Presents Lobo" e "Cantiga De Longe". Hoje falarei de: "Cantiga De Longe" lançado em 1970.
O álbum aqui presente foi produzido por Aloisio De Oliveira, gravado em Los Angeles, conta com arranjos de Hermeto Pascoal e Edu Lobo e o lançamento no Brasil saiu pela gravadora Elenco. O time de músicos, como não poderia deixar de ser, é excelente. Existem boatos de que é um disco de Edu Lobo com o Quarteto Novo, essa informação é falsa, existe sim a participação de dois do integrantes mas não do Quarteto completo pois o mesmo havia se desfeito um ano antes, 1969. Participam do álbum: Hermeto Pascoal ex-Quarteto Novo, que além de tocar flauta e piano assina os arranjos, Airto Moreira, que era o outro ex-integrante do Quarteto Novo, na percussão, José Marino no baixo, Roberto Slon na bateria, Edu Lobo voz e violão e Wanda Sá que participa da faixa "Aguaverde".
O repertório do álbum é originalmente composto por 11 composições. A edição que vocês irão baixar contém 12 pois acrecentei um bônus. Vamos as composições:
O álbum abre com a genial "Casa Forte", canção originalmente gravada por Elis Regina no ano anterior, mas que aqui ganha sua versão definitiva, o que segue é o "Frevo de Itamaracá/Come e Dorme" faixa que contém dois frevos, um de Edu e outro de Nelson Ferreira. A singela "Mariana, Mariana", faixa seguinte e parceria de Edu e Ruy Guerra, tem uma introdução que pode ter sido precursora da excelente "Beatriz" que Edu comporia em 1983 para o espetáculo e disco do "Grande Circo Místico", pelo menos uma me lembrou a outra.
A segunda releitura do álbum é a marchinha "Zum-Zum" composição de Paulo Soledade e Fernando Lobo, pai de Edu. Seguindo temos a excelente "Aguaverde" que conta com a participação de Wanda Sá nos vocais e fechando o Lado A do álbum temos a faixa título "Cantiga De Longe", uma das melhores composições de Edu com um arranjo ultra moderno, só a introdução dessa faixa vale o disco todo, é uma de minhas preferidas no álbum.
O Lado B abre com outra que adoro, "Na Feira De Santarém", parceria de Edu e Guarnieri, os diálogos contidos no arranjo são geniais, na sequência temos "Zanzibar", Hermeto quebra tudo no improviso final. Outra parceria entre Edu e Guarnieri que aparece no álbum é "Marta e Romão" que juntamente com "Memórias De Marta Saré" fizeram parte da trilha composta para a montagem teatral da peça de Guarnieri. Em seguida temos outra marchinha, "Rancho de ano Novo", as intervenções da flauta de Hermeto dão um toque especialíssimo na canção, fechando o volume temos "Cidade Nova".
Como bônus acrescentei "Memórias de Marta Saré", que ficou entre as finalistas do 4º Festival da Record em 1968. Escutem esse álbum com calma e muita atenção, garanto que vai valer cada segundo.
"...Se troca se vende, quem é que vai comprar, Se troca se vende, quem é que vai levar..."



Para Baixar e Sair Sacundindo: Edu Lobo - 1970 - Cantiga De Longe


Para Saber Mais: Edu Lobo Home


Para assistir e Sacundir: Memórias de Marta Assaré


Postado Por Marcel Cruz

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Antonio Pinto - Abril Despedaçado

Quem segue o Sacundin já sabe da minha adoração pela música de Antonio Pinto, acho esse compositor simplesmente genial e de um bom gosto formidável.

A maior parte de sua discografia são trilhas para cinema, duas já constam nos arquivos do Sacundin, sei que faltam muitas, mas hoje aproveito para preencher um pouco dessa falta com a excepcional trilha de "Abril Despedaçado" filme de Walter Salles estrelado por Rodrigo Santoro, José Dumont e mais uma constelação enorme.

Lançado em 2001 o filme teve uma excelente repercussão mundial ganhando o Leão de Ouro no Festival de Veneza e, entre outras indicações, a indicação ao Globo de Ouro em 2002.

A trilha sonora assinada por Antonio é composta por 11 faixas e teve as participações especialíssimas de Siba (instrumentista cabeça do extinto Mestre Ambrósio) , Ed Côrtes e Beto Villares (convidados recorrentes nos trabalhos de Antonio).

Os nomes das faixas estão vinculados a elementos ou momentos importantes/marcantes do filme e todas se complementam magistralmente. Na terceira parte da entrevista linkada abaixo Antonio discorre sobre a concepção da trilha, genial!

Quem se empolgar corra atrás do filme que também vale muito a pena, fui!



Para Baixar e Sair Sacundindo: Sharebee - Antonio Pinto - 2001 - Abril Despedaçado






Postado Por Marcel Cruz