quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Gilberto Gil - Expresso 2222


Não, eu não abandonei o Sacundin! rsrs. Estou aqui novamente, é que a correria tá grande.
Bom, dando continuidade a nossa saga pós-tropicalista seguimos com outra série de porradas 'GilbertoGiltianas'.
"Expresso 2222", primeiro lançamento pós-exílio de Gilberto Gil, mostra ele em altíssima forma, o gênio retornou pra terra natal mais genial do que nunca. O álbum deixa bem claro a visceralidade contida num Gil que matava a saudade de seu berço, mas que também soube fazer uso de forma magistral do exílio trazendo uma bagagem que serviria como 'divisora de águas' dentro de sua carreira. Todas as transformações passadas pelo baiano resultaram num material denso e consistente, com uma pegada rock'n'roll, porém, incrustrado de brasilidade de "cabo a rabo". Um trabalho que revela pro mundo um Gil agora dono de uma maturidade musical que aumentava a cada dia.
Gil escolheu como tema de abertura do álbum a música "Pipoca Moderna", de Sebastião Biano, música que em 1975 ganharia letra de Caetano Veloso, essa gravação acabou sendo a estréia em disco de um dos grupos mais tradicionais do nordeste, a Banda De Pífanos De Caruaru. Sobre a gênese dessa escolha encontrei o seguinte texto escrito por Caetano Veloso:
"...Em 67 Gil passou um tempo no Recife. De lá ele trouxe o pique para o tropicalismo. E, principalmente, uma fita cassete com o som da banda de pífanos de Caruaru. Desde então, a pipoca moderna ficou em nossa cabeça, alguma coisa transando entre os neurônios, uma joiazinha de iluminação. De lá até aqui não perdi a esperança. sou feliz na pipoca desse canto e isso é muito firme. Estou inteiro quando há esse canto de pipoca moderna..."
No livro 'Verdade Tropical' ainda há comentários que dizem que o encontro com a banda de pífanos fez Gilberto Gil compreender a música popular como um meio de cultura de massa e o nacionalismo das canções de protesto como algo sem sentido e ultrapassado. A viagem a Pernambuco teria fornecido ao compositor baiano os dois limites entre os quais, do seu ponto de vista, deveria se referenciar a Música Popular Brasileira: a Banda de Pífanos de Caruaru e os Beatles. Nas páginas 130 a 134 do livro está tudo mais detalhado aqui é só um resuminho.
É a partir da segunda faixa que o Gilberto Gil começa aparecer de fato, mas primeiro vamos falar do time envolvido na empreitada. Gil, sempre em boa companhia, conta com um quarteto formado por Lanny Gordin (Baixo e Guitarra), Bruce Henry (Baixo), Antonio Perna (Piano e Selesta) e Tutty Moreno (Bateria e Percussão). Como se não bastasse ainda temos a participação de Gal Costa em uma das faixas.
A segunda faixa do álbum, "Back In Bahia", é uma espécie de balanço e desabafo das sensações e reflexões que o exílio proporcionou, Gil encerra a letra de uma forma incrível, veja:
"...Onde não sei se por sorte ou por castigo dei de parar / Por algum tempo / Que afinal passou depressa, / como tudo tem de passar / Hoje eu me sinto / Como se ter ido fosse necessário para voltar / Tanto mais vivo / De vida mais vivida, dividida / Pra lá e pra cá. "
Genial!
Em seguida temos a versão mais 'roquenrou' já feita de "Canto Da Ema", música de Ayres Viana, Alventino Cavalcante e João do Vale, que fez enorme sucesso na voz de Jackson do Pandeiro. Gil transmuta o baião que entra em nossos ouvidos nos deixando atordoados! A concepção do arranjo, os improvisos e a versatilidade de Gil deixam qualquer um impressionado.
Seguindo, Gil faz releitura de outro clássico que fez e faz sucesso até hoje, "Chiclete Com Banana", composição de Gordurinha e Almira Castilho, que também foi gravada originalmente por Jackson Do Pandeiro. Fechando o Lado A temos "Ele e Eu", uma das composições mais estranhas que já ouvi, realmente não sei dizer se gosto ou desgosto.
O Lado B abre com a excelente "Sai Do Sereno", composição de Onildo Almeida que conta com a participação de Gal Costa nos vocais. Eu sempre me deparo com textos creditando a mistura de 'roquenrou' com ritmos nordestinos, o "Forróck", a AlceuValença, eu discordo em número e grau, pra mim quem começa essa história é Gil e a gênese está aqui. Não me recordo de ter ouvido nada semelhante antes, talvez Antônio Carlos & Jocafi, mas ainda assim não vejo como intenção consciente.
Na seqüência entra em cena a faixa título "Expresso 2222". Gil optou por usar apenas violão e percussão para o acompanhar, nela e nas seguintes ele coloca a mostra todo o suingue contido em seu violão, simplesmente genial, ou melhor, 'gilnial', rsrsrs. Mais duas e concluimos o volume, são elas "O sonho acabou" e a enigmática "Oriente", gravada por Elis Regina em 1973.
Como bônus acrescentei "Cada Macaco No Seu Galho", composição de outro baianinho arretado chamado Riachão, essa conta com a participação de Caetano Veloso e foi gravada ao término das sessões do Lp e incluída como lado B do compacto "Chiclete Com Banana".
Além disso também incluí no arquivo dois vídeos de Gil. Logo que chegaram do exílio, Gil e Caetano fizeram um show juntos, é desse show as duas músicas: "Expresso 2222", onde como no álbum temos apenas Gil com seu violão e "Back in Bahia", com banda completinha. O momento mais engraçado dessa última é no finalzinho quando Caetano entra em cena e pira total! Um sarro. Deixei os links desses vídeos ali em baixo também. Espero que gostem...

"...O sonho acabou, quem não dormiu no sleeping-bag nem se quer sonhou..."

Para Baixar e Sair Sacundindo: Por causa deste link fui notificado como infrator dos direitos autorais (o que sabemos que não é bem a real) por isso é que o mesmo foi retirado

Para Assistir e Ficar Sacundindo: Expresso 2222 - Back In Bahia


Postado Por Marcel Cruz

5 comentários:

Anônimo disse...

e ae marcel!!blza? cara,curto p/ cacete teu blog,graças a ele to tendo contato com muita coisa boa!! seguinte: tentei baixar esse do gil (expresso 2222),mas nao ta rolando....ta valendo esse link ainda?? falou,abraço!

Marcel Cruz disse...

Faaaala meu querido, então, baixei o arquivo e pra mim rolou tudo normal, tente novamente aí.

Abração e vamo que vamo que o som não pode parar!!!

Marcel Cruz

Flávio Lira disse...

Valeu, Marcel!! Tô sempre aqui baixando coisas do seu blog! Abração, irmão!

Flávio

ADEMAR AMANCIO disse...

Gostei da resenha.

Unknown disse...

Gostei muito do post
Concordo com quase tudo