quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Tom Zé - Tom Zé 1970

Em entre 1969 e 1970, logo após ter vencido o IV Festival de Música Popular Brasileira, Tom Zé criou uma escola de música em São Paulo, a escola se chamava "Sofisti-Balacobaco (Muito Som e Pouco Papo)", o nome é no mínimo engraçado, uma pena ser essa a única informação consistente que se encontra a respeito dela. Mas justificando o meu grifo pra escola, o álbum aqui presente, segundo elepê de Tom Zé, tem na contra-capa o seguinte texto:

"As melhores idéias dêste disco, devem ser divididas com os meus alunos de composição da SOFISTI-BALACOBACO (muito som e pouco papo) e com Augusto de Campos. Foi, por exemplo, um exercício proposto a Ricardo Silva e Ciumara Catto (Limeira-SP) o ponto de partida que nos levou à "Guindaste a Rigor". Elio Manoel e Aderson Benvindo (parceiro em : Lá vem a onda") que trabalharam quase com febre; Beto Matarazzo e Durval do "SESC", que têm um senso crítico muito agudo; João Araújo, Lais Marques e Valdez, parceiros em "Distância"e "Jimmy Renda-se"; todos ajudaram muito.

Aproveito a ocasião para informar que a Prefeitura de São Paulo não me pagou até agora o prêmio do 1º. lugar (São Paulo, meu Amor) do Festival da Record de 1968 e até começou a dizer que não assumiu esta obrigação.

TOM ZÉ ."

Ou seja, o volume aqui exposto é fruto de trabalhos e idéias surgidas na, pelo visto, efêmera escola. A outra informação que temos na contra-capa e que soa engraçada é a denuncia do calote que até então Tom Zé levava da prefeitura de São Paulo. Não tenho a informação de que o prêmio tenha sido pago, quase certo que não, rsrsrs. Mas enfim, vamos ao conteúdo musical contido no álbum.

Informação indispensável é a presença de Chiquinho de Moraes entre o trio de arranjadores que se completa com o argentino Héctor Lagna Fietta, responsável por algumas trilhas do Mazzaropi e da novela "Simplesmente Maria", e Capacete, este último, se for o mesmo, é o baixista que gravou os àlbuns de 71 e 72 de Tim Maia.

A faixa que abre o disco é "Lá Vem a Onda", na letra uma espécie de estudo de opostos perfeitos, bem singela e com um refrão que leva o ritmo de um trava língua. Em "Guindaste à Rigor", faixa que vem em seguida, Tom cria um orquestra bastante surreal e idealiza uma canção tão surreal quanto à orquestra que a executará; o título é referência ao regente, rsrsrs. "Distância", composição feita em parceria com Laís Marques e João Araújo, inicia com um melancólico fagote (ou seria Oboé?), que em seguida dá a vez para o naipe de metais, bateria e uma guitarra que me lembra a trilha de Enio Morricone para "Três Homens em Conflito", no refrão Chiquinho de Morais optou por amenizar a tristeza e dá uma alegrada nos metais, genial!

A quarta faixa do Lado A é "Dulcinéia Popular Brasileira", um xote com roupagem sinfônica e uma letra bem enigmática. Em seguida temos a versão de Tom Zé para "Qualquer Bobagem", música composta em parceria com os Mutantes e gravada pelo trio um ano antes, Tom a transforma num Iê-Iê-Iê deprê. Fechando o Lado A temos "O Riso e a Faca", o arranjo de cordas em contraponto ao ostinato do violão ficou bonito pacas, mas cuidado pra não cortar os pulsos no final da canção, rsrsrs.

O Lado B do elepê começa com pancadaria "Jimmy Renda-se", excelente! O arranjo de metais é genial, Chiquinho pegou o espírito da composição e deu um toque todo especial, trilha de filme! Depois do "roquenrol" outra com caráter mais triste mas com ares de infância e elementos de brincadeiras de roda, o nome já entrega, "Me Dá, Me Dê, Me Diz". Ouvindo com calma e pensando no conjunto de canções chego a conclusão que esse álbum não é dos mais alegres, rsrsrs.

A faixa seguinte é "Passageiro", bem bonita também, mais uma vez cuidado com os pulsos. Pra quebrar um pouco o ar de melancolia temos a crítica e irônica "Escolinha De Robô", muito booooa! Letra e melodia espetaculares, a utilização do órgão nas estrofes ficou excelente. A seguinte, "Jeitinho Dela", fez bastante sucesso na época e apesar de o crédito ser dado apenas para Baby Consuelo, também participam da faixa Moraes Moreira, Paulinho Boca De Cantor e Galvão, ou seja, Os Novos Bahianos (que acabavam de gravar seu álbum de estréia), música, letra e arranjo perfeitos. Fecha o álbum outra excelente, mais uma crítica extremamente bem humorada e uma espécie de tratado a respeito da gravata, o nome? A sim, "A Gravata", rsrs.

Como bônus acrescentei ao arquivo 5 faixas lançadas apenas em compactos de 1969, são elas: a fantástica "Bola Pra Frente", em duas versões, uma em estúdio e outra ao vivo. Na época foram lançados dois compactos, ambos com as mesmas músicas só que um em versão ao vivo e outro em estúdio, tanto o de estúdio quanto o ao vivo carregava do outro lado "Jeitinho Dela", é a versão ao vivo que está aqui. As outras duas são: "Feitiço", gravada no mesmo ano pelos Brazões e "Você Gosta", ambas no mesmo compacto. É isso aí!!!


"... Faça suas orações uma vez por dia, depois mande a consciência junto com os lençóis pra lavanderia..."



Para Baixar e Sair Sacundindo: Tom Zé - 1970 - Tom Zé


Para Assistir e Sacundir: A Gravata - Jimmi Renda-se (Não é a versão original mas tá valendo)


Postado Por Marcel Cruz

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