Sabem aqueles discos que a principio você não espera muito, mas mesmo assim põe pra rodar porque foi uma indicação de um amigo de confiança?(de novo o Fernando Rischbieter - Fêrni - do Stella, sim o mesmo mencionado na postagem anterior). Você diz massa, vou ouvir, da uma passadinha nas faixas mas não ouve na hora. Aí numa tarde qualquer, ou cair da noite, você resolve parar pra ouvir...
Vai a primeira musica, você diz, puxa vida é bom, vem a segunda você pensa: puxa, é bom mesmo, terceira, caraca é muito bom!!! E por aí vai. Isso acaba de acontecer comigo e o álbum em questão é o "MetáMetá", do 'multiartistapaulista' Kiko Dinucci. Como era de se esperar de um trabalho como esse... To chapando paracarááááááááleo, rs.
O disco vai te ganhando a cada faixa, são 10, na décima você está amando loucamente e pronto para por para ouvir outra vez.
Dinucci não está sozinho nessa, pelo contrário, vem extremamente bem acompanhado. Os vocais, na maioria das faixas, ficaram a cargo de Juçara Marçal, dona de umas das mais belas vozes que já ouvi, os saxes e flautas ficaram a cargo de Thiago França. A elegância do som de Thiago é outro elemento que potencializa a unicidade estética do álbum.
Se prepare para viciar! Esse som ao entrar em seus ouvidos faz com que o cérebro libere uma substância cientificamente denominada de 'viciusmetá' e o organismo atingido sentirá a necessidade de ouvir mais e mais o "Metámetá". Ainda não tenho idéia de quanto tempo dura o vício ou como é a crise de abstinência, pois acabo de virar um "freakmetá", mas não estou sozinho, já tenho notícias de outros viciados. Essa audiodrug está a apenas um mês no mercado, um dos fatores que contribui ainda mais para sua disseminação é que ela é grátis, você pode consegui-la aqui mesmo - virei fornecedor, kkk - ou no 'sítio' do próprio criador.
Brincadeiras a parte, estamos diante de uma obra prima de primeira grandeza. A linha composicional de Kiko é desconcertante, ele tem uma 'finesse' incrível para compor, todas as faixas foram muito bem concebidas e trabalhadíssimas. Outra sacada genial foi a disposição das faixas no album, não poderia ter sequência melhor, pois ao término da penúltima música contida no volume Kiko, Jussara e Thiago, a santíssima trindade, inevitavelmente, conseguiram deixar seus ouvintes extasiados. O golpe fatal vem em forma de afrobeat, "Ora Iê Iê O" que retoma "Oranian" e "Oba Iná" 7ª e 8ª do disco. Ouvindo com mais atenção da para sacar bem o que seria um suposto lado A e um Lado B, a sequencia parece ter sido pensada para o formato de LP.
Influências mil todas muito bem utilizadas. "Samuel", por exemplo, uma das minhas preferidas me arremete a Baden, enxergo João Gilberto em "Obatalá", Fela Kuti diluído e assumido ao longo do álbum e por aí vai, são tantos em um só que realmente emociona.
Mas chega de devaneios! Tirem vocês suas próprias conclusões... Salve Kiko e obrigado por um som tão bom como este!
"...Abram caminhos para o Rei, sorriam ao invés de se curvar..."
PS* Quem segura as bateras do disco é o excelente Sergio Machado, que diga-se de passagem, honra o sobrenome que tem.