O post anterior me trouxe a tona um dos discos que mais gosto, e que reouvindo pra postar, fiquei estupefato ao constatar que o disco continua fuderosíssimo e que o tempo só contribui para afirmá-lo como obra prima.
"Hora de Lutar" é o segundo disco de Geraldo Vandré e foi lançado originalmente em 1965 (apesar da capa que tenho dizer que é de 1969, deve ser uma segunda edição ou algo do gênero). No disco não há ficha técnica, mas consegui saber alguns dos participantes dessa empreitada através - Pasmem vocês - do próprio Vandré!
Como assim? Alguns devem estar se perguntando. Bom... Vamos a explicação. FlashBack:
Em 2002/2003 eu com a família da minha ex-namorada resolvemos abrir um bar... O Bar se chamava "Esquina Brasil" e a intenção e temática do recinto era música brasileira, tanto que a decoração denunciava. Eu e a Mi (Milena) fizemos uma pesquisa pente fino sobre objetos e imagens dum Brasil situado entre as décadas de 20 e 70. Num dos ambientes, peguei meus melhores LP's e enquadrei, modéstia a parte ficaram lindos, no outro numa das paredes que era a do fundo do palquinho a Mi fez uma reprodução dum bloco de carnaval desenhado pelo cartunista e ilustrador J.Carlos (1937), nas demais decoramos com charges do Amigo da Onça (que coleciono).
Bom, um dos sócios "O tio Márcio" era/é da Aeronáutica de Sampa e conhecia o Vandré, que segundo ele morava no quartel. Pensei: "Pô que massa! O cara ta vivo!" Meio pancadinha segundo O Tio Márcio, mas ta vivinho da silva rsrsrsrs. Essa informação foi suficiente pra gente tentar linkar alguma coisa, show a gente sabia que era uma coisa impossível de se conseguir, porém, uma visitinha seria beeeeeem legal.
Sem muita esperança foi feito o convite...
Não é que o cara veio mesmo!
To no bar e inacreditavelmente entra pela porta principal: Geraldo Vandré, minha admiração e curiosidade ficaram a mil, mas controlei, ainda assim me traí rsrsrsrs, pois é - Aqui um pequeno parênteses: Eu, como boa parte dos brasileiros tenho o costume de abraçar, beijar e tocar as pessoas, de forma contida é claro (também não vão pensar que sou aquele tipo pegajoso que ninguém suporta que fique perto rsrsrsrsrs penso que não, aliás, espero que não kkkkkk) - com o Vandré naturalmente não tinha muito porque não ser eu mesmo, afinal de contas o figura estava ali, aparentemente receptivo e numa situação extremamente informal, resumindo... Cumprimentei-o do meu jeito... Tomei uma mijada homérica, que hoje dou risada mas na hora fiquei sem ação. Ele olhou pra mim e com tom de voz elevado proferiu tal sentença:
- Não me toque que eu não sou Viado!!!!!
Caraaaaaaaaaca rsrsrsrsrsrs ficou aquele climão (e eu pensando: "Mas nem eu!" Como assim? rsrsrsrs).
Depois a poeira baixou e ficou como se nada tivesse acontecido, batemos papo um tempão e ele autografou meus LP's e tal. Foi no mínimo uma experiência histórica inusitada e bem interessante.
Foi nesse episódio que tive as informações dos nomes que participaram do álbum aqui postado. Infelizmente não lembro o nome da orquestra, lembro que foi a de alguma instituição, mas... Dos solistas lembro bem.
São eles:
Na direção Artística Alfredo Borba. Na direção musical e arranjos quem comandou com uma maestria sem igual foi o Maestro Erlon Chaves, na bateria Edison Machado, Trombone Raul De Souza, na Flauta o excelente Copinha e além disso, em duas faixas temos a participação de Baden Powell. Haja fôlego!
Os arranjos são todos realmente geniais, não sei se é por ser do mesmo ano, mas algumas faixas me lembram o álbum "Coisas", do Moacir Santos (postado aqui), especificamente a música "Dia De Festa". Vejo um paralelo com a "Coisa nº6". Não sei dizer quem influenciou quem, ou se foi influência mútua. Só sei dizer por constatação que ambos são geniais. O clima criado por Erlon Chaves, a escolha do repertório, a interpretação de Vandré e dos músicos participantes, a unidade criada nesse álbum é bem difícil de se encontrar por aí. A meu ver é um disco indispensável.
É isso, já enrolei demais... E... Não me toque que eu não sou viado!!!!!! hahahahahahahahahaha
Para Saber Mais: Bio 1 - Bio 2 - Bio 3 - Bio 4 Artigo
Postado Por Marcel Cruz
4 comentários:
Caramba Marcellll!!!!
Diz a geração da família aqui, que pegou Vandré em polvorosa, que agora ele anda meio pinel, sem perjorar...
Mas, na verdade, o manifesto musical que ele professou é ícone da nossa cultura, que busca sempre se libertar das algemas do autoritarismo e da opressão vigentes.
Muito obrigado pela pérola!
abração (e não importa se sou viado ou naum eheheh)
Marcel
Eu gosto muito do teu blog, mas esse post está fantástico... Tu escreve muito bem.. Dá até a impressão que te conheço de algum lugar!
Mas, pois bem... Estou altamente frustrada, pois não consegui baixar o disco por nenhum dos 3 servidores linkados... Deu erro nos três.
O que houve com teu arquivo?
Bem.. parabéns..
Gratíssima!
PO Marcel, tu foi fundo nessa viagem historica!?
mas é isso mesmo infelizmente ou felizmente pelo que eu li ha um tempo atras é que realmente o sr Geraldo Pedroso de Araújo Dias Vandregísilo (pomposo e abusado)tinha realmente pirado depois de supostas torturas que ele teria sofrido durante o regime porem ele finca pe e diz que nem exilado foi ...enfim o importante e nobre foi porem sua obra que nos deixa marcas contra uma ditadura hipocrita e imoral...
Agradeco mais este post , abraco
Claudio do Carmo
Thanks for this great record!
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