Começando o ano e retomando o fio deixado solto em 2010 vamos novamente mergulhar na obra de um dos músicos e compositores mais geniais do nosso riquíssimo cancioneiro popular: Paulinho Da Viola!
Herdeiro da mais nobre linhagem do samba e choro proveniente dos subúrbios cariocas Paulinho como vimos anteriormente teve sua estréia fonográfica em 1965, de lá pra cá o 'menino' tomou gosto pela coisa - e nos presenteou com várias preciosidades ao longo de todos esses anos - tanto que em 1971 lançou logo dois álbuns excelentes e um atrás do outro.
O primeiro, tema desta postagem, é composto por 12 faixas e contém músicas que posteriormente se tornariam grandes sucessos como: "Para Ver as Meninas" de Paulinho, "Filosofia do Samba" de Candeia e "Minha Vez De Sorrir" de Nelson Sargento.
Esse é a meu ver o álbum mais moderno de Paulinho, tanto em termos de orquestração quanto de flertes com gêneros extra-samba. Fiquei boquiaberto ao encontrar nesse álbum elementos que podemos considerar como inusitados para um clássico álbum de samba de raiz. Paulinho inovou e mostrou que não estava alheio ao que estava acontecendo a sua volta.
Dois grandes exemplos são as composições "Num Samba Curto" e "Consumir é Viver".
Em "Num Samba Curto", faixa de abertura do volume, encontramos elementos do que mais tarde seria cunhado como drum'n'bass, digamos que sem saber Paulinho é um dos precurssores da mistura de breakbeat com samba (estou tentando saber quem é o batera, pois tais informações e ficha técnica inexistem no LP). Já em "Consumir é Viver" de Marcus Vinícius temos uma introdução funkeada que logo cai numa 'vibe' bem samba-rock! É isso mesmo! Nem Paulinho conseguiu ficar imune ao suingue genial de James Brown e Jorge Ben!
Em termos de orquestração vejamos por exemplo a utilizada em "Para Ver As Meninas", temos nela apenas: Violão, Caixa de fósforos (magistralmente tocada por Elton Medeiros) e Cravo! Até então não se tinha notícias de Cravo no samba! A combinação ficou perfeita! O Cravo também foi usado muito bem em outras faixas ao longo do elepê.
Bom, creio que esses elementos já bastam para despertar em vocês a curiosidade/vontade de ouví-lo pelo menos uma vez e conhecer também o não dito!
É isso aí... e como diria Candeia...
"...Mora na filosofia, morô? Maria, morô Maria..."
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