Chegamos aos anos 70!
Um pouco mais de dois anos separa o início da ebulição, e milhares de coisas aconteceram. Segundo a literatura existente, o Tropicalismo acaba em 1969 com a extradição de Gil e Caetano. No papel é bem facil determinar datas com exatidão, porém, na prática, pelo menos em termos fonográficos, a coisa durou no mínimo até 1972 (mais ou menos até onde vou por aqui), deixando reflexos até hoje, quarenta anos depois.
Vou abrir a década com um disco que foi lançado em 1972, mas que foi gravado em 21 e 22 de Julho de 1969, às vésperas do embarque para o exílio Londrino. Trata-se do show de despedida de Gil e Caetano, gravado no Teatro Castro Alves - Salvador - Bahia.
Esse show não foi feito com a intenção de ser gravado ou lançado em disco, tanto que esse registro foi feito apenas numa fita K7 por Nelson Mota e a qualidade sonora é, de fato, bem precária. Porém, como diz Guilherme Araujo no texto contido na contra-capa do Lp:
"...Não interessa a má qualidade técnica da fita. Não interessa a opinião de músicos que não sabem ouvir. Essa fita é emoção e a primeira explosão de vocês. Essa fita encerra uma fase das carreiras de Cae e Gil..."
De fato, nesse registro o que menos importa é a qualidade técnica pois o que realmente conta é o momento guardado. E que momento!
A banda de apoio de Caetano e Gil foi composta pelos então futuros Novos Bahianos: Pepeu Gomes nas guitarras e Jorginho na bateria, Carlinhos no baixo e Lico na segunda guitarra.
O álbum é composto por 7 faixas. Abre o volume "Cinema Olympia", composição de Caetano Veloso que foi gravada por Gal Costa no mesmo ano. Em seguida temos "Frevo Rasgado", de e com Gil, a terceira é "Superbacana", de Caetano numa versão genial. Caetano começa com uma palhinha de "For No One", de Lennon & McCartney e cai no tema principal usando a intro de "Panis et Circenses" como música incidental.
Fechando o Lado A, Gil e Caetano vêm com "Madalena", música de Isidoro e Direitos Reservados (sic) , esse tema Gil regravaria 22 anos depois no seu álbum "Parabolicamará", com uma roupagem bem regional e bem sem salzinha. Eu prefiro essa aí, muito mais visceral, muito mais foda!
O Lado B abre com "Atrás Do Trio Elétrico", que ganhou uma introdução ultra rock'n'roll de Pepeu Gomes, muuuito boa! O que temos em seguida é "Domingo No Parque", que teve a participação de dois percussionistas integrantes do Conjunto Folclórico Viva Bahia.
Concluindo o álbum temos um Pout-Porri iniciado por Caetano com sua "Alegria, Alegria", seguida do "Hino Do Esporte Clube Bahia", que é acompanhado pela platéia toda em coro, Gil, por sua vez, canta, também com a platéia e participação da Escola De Samba Do Garcia, "Aquele Abraço".
Um belo registro duma época nem tão bela assim...
"...Pra você que me esqueceu... Aquele abraaaaaaço!..."
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